A 36ª Semana Nacional do Migrante não passou despercebida na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Arroio do Meio. Celebrada de 13 a 20 de junho, foi marcada pela distribuição de alimentos a 12 famílias haitianas, no sábado pela manhã. A entrega foi feita por integrantes da Pastoral do Migrante, beneficiando aproximadamente 60 pessoas. Os alimentos são provenientes da arrecadação feita na semana de Corpus Christi, no Mutirão pela Vida de Quem Tem Fome, que totalizou 420 quilos. Parte destas adoções foi distribuída no sábado, com a inclusão de aipim e laranjas, colhidos no Seminário Sagrado Coração de Jesus.
A Paróquia, lembra o padre Alfonso Antoni, tem se preocupado com os migrantes há vários anos. Tem apoiado as aulas de língua portuguesa que a professora Denise Scheid Huppes ministra de forma voluntária à comunidade haitiana, além de acompanhar outras necessidades dos migrantes, como roupas – especialmente de inverno – cobertores e questões relativas a documentos.
Até pouco tempo, todo esse auxílio era prestado de forma informal. Como está sendo estruturada a Pastoral dos Migrantes em âmbito de Diocese, este trabalho será feito de forma mais organizada, como um serviço de apoio e ajuda aos migrantes, tanto estrangeiros como brasileiros que migram dentro do país. No caso de Arroio do Meio, explica do padre, há uma espécie de combinado com o Cras, que atende as famílias de brasileiros, enquanto a paróquia direciona as ações às famílias haitianas, que possuem mais dificuldade para acessar os serviços públicos por não compreenderem a língua portuguesa.
Com a Pastoral dos Migrantes organizada também em âmbito de paróquia e um contato mais próximo com as famílias, vai ser mais fácil conhecer a realidade e as necessidades dos migrantes. Assim, poderão ser desenvolvidas ações mais pontuais, que vão ao encontro do que eles precisam. No município há muitos imigrantes, sendo que a comunidade haitiana é a maior, com aproximadamente 500 pessoas.
Para o padre, é preciso ter sensibilidade de acolhida aos imigrantes. “Ninguém sai de seu país e vai tentar a vida em outro, apenas por vontade, mas porque a situação é dramática. É uma questão de sobrevivência, de buscar uma vida melhor. Precisamos nos colocar no lugar dessas pessoas, que chegam sem nada, sem conhecer a língua, e precisam buscar trabalho para se sustentar e ainda enviar dinheiro para os familiares que permanecem no país de origem. São situações delicadas, de sofrimento. Muitos deixaram os filhos no Haiti e vieram tentar a vida aqui”, afirma.
Embora a maioria dos haitianos não seja católica, o padre destaca que em primeiro lugar deve vir sempre a questão humanitária. “A fome não tem religião ou cor”. Além disso, lembra que olhar para o próximo é um preceito que norteia a igreja. “Como igreja, a motivação da fé, a essência do cristianismo, é a caridade e o amor. Não dá para ser cristão e não olhar para as pessoas e ver suas necessidades. Precisamos recuperar isso nas pessoas, essa essência de amor e caridade ao próximo”.
Como auxiliar – Quem quiser colaborar com as ações em prol dos migrantes pode entregar suas doações, tanto de gêneros alimentícios, como de higiene e limpeza ou em dinheiro, diretamente na Casa Paroquial.
