São João integra a tradição portuguesa das festas que acontecem no mês de junho. Nesta época, no hemisfério norte, o verão está começando e vem com ele a perspectiva de colheita. É um período bom para celebrações e é isso mesmo que acontece. Em Portugal festejam-se Santo Antônio, São João e São Pedro, numa sequência movimentada.
Anos atrás, morando em Lisboa, pude ver lá mesmo o vigor dessas festas que alegram a cidade durante todo o mês. No bairro da Alfama – um dos mais antigos da cidade – era lindo andar à noite nas ruas enfeitadas de bandeirolas, com muita música e o inesquecível cheiro das sardinhas sendo assadas à beira das calçadas.
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Entre nós, São João ganhou sinais bem interessantes ao misturar-se com o culto de Santo Antônio – o santo casamenteiro. É por isso que a cerimônia do casamento caipira ganhou destaque. Também, as simpatias para encontrar um namorado. Muito conhecida aquela de botar uma imagem de Santo Antônio de cabeça para baixo, numa bacia com água e deixá-lo ali até se resolver a mandar um par. O santo que se apressasse, se quisesse recuperar o crédito e a pose…
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Ao lembrar das festas antigas, me ocorre que a tradição portuguesa era misturada com traços da cultura gauchesca. Juntavam-se as coisas, numa adaptação meio atrapalhada, mas muito alegre. Por exemplo, a gente usava o mesmo traje em ambas as ocasiões. Nas duas, a churrasqueira comparecia exalando o perfume das carnes no braseiro. Se, na noite de São João, o quentão reinava, o chimarrão não perdia lugar. E os petiscos também se assemelhavam muito.
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Recordo de uma canção que encantava os meus verdes anos. Não sei se você conhece. Era canção apropriada para as noites de festa em que namoros nasciam. As noites podiam ser geladas, mas o coração bem quentinho aguardava um olhar especial. Olhar que valia como convite para sonhar os sonhos mais lindos. Dizia assim:
“A lua no céu
Também quer dançar
Não acha com quem
Começa a chorar
Mas passa um balão
Bonito, encarnado,
E dança com a lua
Um lindo bailado.”