Sábado acordei cedo. Depois de sorver um chimas e ler os jornais, peguei a estrada para visitar a região. Foi tipo “sem lenço e sem documento”, sem planejar, atendendo apenas à vontade. Afinal, o dia era convidativo: muito sol, fazia quase 30 graus. Depois de 15 meses de confinamento, a cabeça pedia novos ares, o ambiente era perfeito.
Depois de almoçar no Tombado, ao lado da Praça da Matriz em Lajeado, caminhei pelo calçadão vislumbrando o porto de Estrela, as águas tranquilas do Rio Taquari. Lanchas e jet-skis deslizando lentamente. Fiquei ali, acomodado no belvedere, pensando no potencial turístico do Vale do Taquari na exploração dos rios, arroios, açudes e quedas d’água.
Foi muito bom atiçar a preguiça para desacelerar, coisa cada vez mais difícil para quem está tanto tempo em home office, o consagrado trabalho em casa. Este modelo passou de solução à verdadeira tortura para quem não pode sair à rua.
Estimulado pelo visual estendi o passeio até a Praça da Matriz, que já foi Praça Santo Inácio e Praça Marechal Floriano. Aproveitei para fazer fotos, que enviei para alguns colunistas de Porto Alegre para divulgar o nosso outrora “Mais Fértil Vale Gaúcho”.
Nos tornamos menos evoluídos, egoístas, incapazes de
estender a mão para promover a solidariedade
Ao pesquisar sobre a origem da praça, descobri que o fundador de Lajeado, Antônio Fialho de Vargas, doou o terreno para aquele espaço. Não satisfeito, ele presenteou a cidade com as áreas que abrigam a Igreja Santo Inácio, o salão paroquial e o Colégio Estadual Castelo Branco, antigo Colégio Marista São José, onde meu pai estudou.
É isso mesmo que vocês leram, prezadas leitoras e leitores!
É quase impossível acreditar que um administrador – um homem público – tivesse doado estes terrenos nesta época em que se multiplicam denúncias de apropriação indébita, desvios de dinheiro público e todo tipo de falcatruas envolvendo recursos e bens que são nossos, comprados com nossos impostos.
Ao comparar épocas tão diferentes fica a reflexão sobre o que denominamos como “avanço” e “desenvolvimento”. A tecnologia proporciona confortos inimagináveis há alguns anos. Tudo está ao alcance de nossas mãos, através de um aparelho celular ou um computador pessoal.
Apesar das facilidades, o fator humano nos tornou seres menos evoluídos, egoístas, incapazes de estender a mão para promover a solidariedade, à exceção de momentos graves como a pandemia. Resta olhar para trás e buscar inspiração para ajudar a quem precisa e aprender lições que tornariam o mundo muito melhor.