Quando era piá, sentava por horas a fio com meus avôs – Bruno Emílio Kirst e Albino Jasper – para ouvir suas histórias, causos e episódios pitorescos de vida que rendiam muitas risadas. Com o passar do tempo, passei a compreender estes bate-papos como lições de vida. Até hoje, em várias circunstâncias, lembro com nitidez inclusive os termos que eles empregavam, permeados pelo inconfundível sotaque alemão.
A partir desta experiência, somada ao respeito que meu pai, Gilberto Delmar Jasper, exigia dos filhos para com os idosos, mantenho grande apreço por pessoas mais velhas, cuja trajetória serve de inspiração e bom exemplo para um mundo melhor. Por isso, choca ver como nós, velhos, somos tratados em quase todos os ambientes na atualidade.
É conhecido o exemplo do Japão e de outros países – principalmente orientais e alguns europeus – onde a velhice é associada ao dom da sabedoria. Lá, os mais antigos se transformam, ao longo do tempo, em oráculos dentro da família e na comunidade onde estão inseridos. Seria redundante, também, comparar o desenvolvimento destas culturas com países que subjugam seus velhos.
Nunca antes o mundo sofreu mudanças com tamanha velocidade. Em todos os segmentos a novidade anunciada hoje será obsoleta em 48 horas… ou menos. Como parâmetro, costumo usar um setor que conheço e atuo há mais de 40 anos: a comunicação.
Dizer a verdade muitas vezes dói, mas a mentira
causa uma dor imensamente maior e mais longeva
Ao conversar com estudantes nas diversas universidades que visitava antes da pandemia, repetia que é preciso estar atento aos avanços que, quase sempre, democratizam o acesso à informação. Não escondo minha dificuldade em manusear a tecnologia dos smartphones e dos computadores. Por isso, procuro estar cercado por jovens no exercício das minhas atividades profissionais.
Nas conversas com os jovens, saliento sempre que duas coisas não mudarão nos próximos séculos: a necessidade da produção de conteúdo de qualidade (e comprometido com a verdade) e a imposição da ética como princípio inegociável, apesar da manipulação evidente que vemos em parte da mídia.
Dizer a verdade muitas vezes dói, mas descobrir a mentira causa uma dor imensamente maior e mais longeva, ensina o cotidiano, apesar da rebeldia de alguns. A falta de transparência, de compromisso com a ética e com a realidade dos fatos consagrou uma frase preocupante: “Não existe verdade. Só existem versões”.