A cada ano a humanidade assiste atônita ao desenvolvimento tecnológico cada vez mais acelerado nos diversos segmentos da vida. Em todos os setores, o que é moderno hoje, deixa de sê-lo em meses ou semanas, tornando o revolucionário obsoleto num piscar de olhos.
Este fenômeno trouxe avanços inimagináveis, por exemplo, na medicina, salvando milhões de vidas graças a técnicas inéditas de diagnósticos de doenças outrora de difícil detecção. Paralelamente, há descobertas de drogas milagrosas, resultado de dedicação de abnegados cientistas.
O mesmo ocorre em outros ramos, onde o que era ficção científica está em nossa rotina. Alguns episódios viram comercial de televisão, que ressuscitam desenhos animados que foram futuristas há 20, 30 anos, como Os Jetsons, estrelas da publicidade do Bradesco.
Apesar destes avanços, vê-se com desânimo que o fator humano continua aquém destas novidades revolucionárias. De que adianta tanta comodidade, ao ponto de não ser mais necessário ir a uma agência bancária, se as pessoas nunca foram tão agressivas, intolerantes e agressivas como hoje?
O desenvolvimento tecnológico deveria
vir atrelado ao avanço do ser humano
É desanimador constatar que a “tecnologia humana” esteja anos-luz atrás da “evolução das coisas”. Podemos usufruir de relógios que substituem equipamentos de precisão e têm a capacidade de informar os batimentos cardíacos, permitir acesso à conta bancária e checar os e-mails, além de consultar as redes sociais.
Estas e outras conquistas servem de instrumento para ofender os desafetos, destruir reputações através de fake news. A capacidade de informar o planeta em minutos para difundir conhecimento é subvertida com ataques anônimos que comprovam a ausência de caráter de seus autores.
De que adianta tanta tecnologia diante da imaturidade, da falta de empatia e de solidariedade? Os avanços escancaram as deformações do caráter humano agravadas pela ganância que ignora basilares princípios da convivência.
Por vezes, o saudosismo é alvo de chacotas, mas lembro com alegria da infância na Bela Vista. Sem tevê, mas com brinquedos caseiros e conversas animadas com parentes, amigos e vizinhos e respeito com quem pensava diferente. No máximo, tínhamos discussões acaloradas, sem jamais ofender a honra alheia.
O desenvolvimento tecnológico deveria vir atrelado ao avanço do ser humano para melhorar e ser um produto desenvolvido, avançado e aperfeiçoado. Resta rezar.