Recentemente um grupo de cidadãos me questionou por que as sessões do Legislativo arroio-meense eram uma das poucas sem transmissão ao vivo, sendo que municípios menores disponibilizam isso para suas comunidades.
O diretor da Câmara de Vereadores, Paulo Volk revelou que transmissões têm custos estruturais e operacionais, e que precisam ser eficientes e de qualidade, para cumprir com a finalidade de comunicar bem os cidadãos e passar uma imagem positiva dos atos legislativos. O que não estaria ocorrendo em alguns municípios, que contrataram a tecnologia de forma muito precipitada. Além de não ter o feedback esperado.
Na Legislatura de 2016/2020, o Legislativo arroio-meense fez investimentos na informatização de deliberações e votações, dando mais celeridade e menor despesa aos atos, e no portal da transparência. Só não avançou mais, pois em decorrência da pandemia, repassou a pouca verba interna que dispunha, para auxiliar na construção da UTI do Hospital São José e no combate à estiagem.
Antes do investimento na transmissão das sessões on-line – que pode implicar na mudança de mobiliário ou contratação de operadores – a Casa irá fazer uma manutenção no sistema de som, que está precário, e em muitas ocasiões gera desconfortos com ruídos, microfonia, sem falar no risco de interferir nas gravações. A melhoria está cotada em R$ 12 mil.
Um dos termômetros para transmissões on-line foi a final do Campeonato Municipal de Futebol Amador – o superbowl local – que teve pico máximo de aproximadamente 100 pessoas assistindo simultaneamente. Na política, assim como outros assuntos mais sérios, a tendência é de que o número seja muito inferior. Até porque o rito do regimento interno é conservador, não é dinâmico e não tem apelo midiático que proporcione audiência. Imagina quando a dupla Grenal voltar para a Libertadores com tudo.
Às vezes as pessoas entendem que os políticos devam agir como super-heróis e acabam se decepcionando quando os veem em ação. Lembrando que suas atribuições são muito limitadas, especialmente dos legisladores que ficam restritos, basicamente, a dizer sim ou não, sem poder criar despesas e etc.
Eles foram escolhidos pela maioria da população. Os critérios até podem ser questionáveis, mas assim também escolhemos outras preferências na vida. Nós nos damos pouco espaço na rotina para contestação, pois nos apegamos mais à energias positivas e à paz.
Ainda assim, ao longo da história, os edis ajudaram muitas empresas e inciativas guarda-chuva a se solidificar, em ‘parcerias ganha-ganha’ que consequentemente ajudam outros negócios e profissionais a expandir, entre eles, eventuais contestadores do sistema, como nós da imprensa somos a cada pouco. Num município com quase 94 anos, não é tão simples romper com o passado institucional e cultural.
Não quero puxar brasa para a imprensa tradicional, mas por um custo muito baixo, praticamente voluntário e de forma isenta, disponibilizam o suprassumo dos debates e decisões, que pode ser conferido nas reportagens em minutos ou segundos de leitura, sem comprometer a quarta-feira sagrada de ninguém. E se a pauta for importante, a Câmara não é tão longe para se ver de perto.
Enquanto profissional, não me importo em dividir o espaço com as transmissões virtuais, ou até com um rompimento das instituições públicas com a mídia tradicional. Eu sei fazer muitas outras coisas, que até podem dar mais dinheiro e há outras formas de se conseguir ficar perto das celebridades da comunidade, que é o principal motivo pelo qual atuamos com comunicação (ironia).
Só que, hoje, já falta jornal pra limpar vidros, fazer fogo e para o cocozinho dos pets. Sem falar que a leitura de textos com mais de ‘cinco linhas’, é fundamental para desenvolvimento de capacidade de intepretação, raciocínio e questionamento e, consequentemente, oportunidades na vida. Qualquer coisa, ainda podemos virar bandidos. Aqui no Brasil ninguém vai preso, e os advogados iriam amar. E, quem sabe, fazer vídeos no TikTok com tornozeleira eletrônica. Muitas visualizações e ego preenchido.