Quando li o livro: “O que aprendi com meu carteiro sobre o trabalho e a vida”, de Mark Sandorn, grifei bem na minha memória uma grande máxima e aprendizagem do livro e que vou parafrasear aqui: não importa qual é a profissão; se simples ou mais complexa, se ganhando pouco ou bem; o que importa é fazer da melhor maneira possível. Portanto, seja o melhor carteiro, o melhor médico, a melhor professora, o melhor gari…
E minha escrita hoje vai falar sobre um ofício que não nos damos conta de sua importância e de quanto isso melhora nosso dia a dia: o gari. Aquela pessoa que deixa nossas ruas mais limpas e nossa vida com mais qualidade.
Percorria o trajeto até o centro de nossa cidade, e num dia determinado da semana sempre cruzo com os meninos garis e o caminhão do lixo. Dia desses, inclusive, por querer, permaneci atrás do caminhão, mesmo podendo ultrapassar; só na observação. Na maioria das vezes insistem, com educação, para que possamos ultrapassar, com total segurança. Mas eu, naquele dia, só observei. E nessa observação fui tomada de reflexões. Aqueles rapazes estavam muito felizes. E digo, os que fazem o meu trajeto sempre estão. Sua função parece simples e sei que ganham pouco. Mas poderia inferir que cada dia para eles é um dia bom de labuta e o fazem da melhor maneira possível. Na sua função entendem-se muito bem: um recolhe, um já vai mais à frente recolhendo, outro faz sinal e dialoga com o motorista e assim vai indo. Às vezes, caía um saco e ligeiro alguém corria para não deixar nenhum rastro pelo caminho.
Acenam para os motoristas, riem e conversam de forma animada. Suas roupas são até engraçadas e chamam atenção a quilômetros. Como é uma roupa simples e curta, colocam mais cor ainda, usando calças por baixo, blusas; até em função do inverno. Para tudo dão um jeito. Mas pensa só, sorrir em meio ao lixo dos outros… ser feliz numa profissão simples e mal remunerada. Contentar-se em meio ao fedor. Fazer da sua profissão uma maneira de ajudar, ser útil. Entender que a cada dia podemos dar o nosso melhor na função que estamos desempenhando. Que não podemos pensar só no financeiro e só consegue fazer e pensar assim quem entende que tem valor, missão, desafio e contribui para uma sociedade melhor.
Trabalhar é bom, enobrece, ocupa a mente, nos deixa felizes. A melhor profissão, o melhor ofício? Aquele que estamos exercendo agora.
Garis e motoristas de recolhimento de lixo de Arroio do Meio, este texto vai humildemente para vocês. Grata por fazerem sinal para que ocorram as ultrapassagens, grata pelo sorriso, pelo aceno, enfim, grata por exercerem bem a função de vocês.