Em novembro de 2022, foi disponibilizado para o grande público o ChatGPT (Generative Pre-trained Transformer). Desde então, há debates acesos em torno. Não é pra menos. Trata-se de um programa de computador que utiliza a inteligência artificial. O CHATGPT conversa com os humanos por mensagens de texto – como se fosse gente. Pode-se fazer qualquer pergunta ou encomenda que o programa responde em questão de segundos. Considerando que o ChatGPT tem acesso ao conhecimento armazenado nos bancos de dados do mundo, compreende-se que ele esteja em condições de apresentar respostas mais completas e mais rápidas do que qualquer humano seria capaz de fazer.
Por exemplo, você pede um resumo da Guerra dos Cem Anos em dez linhas e recebe. Você quer saber como conquistar clientes para o minhocário de Guamirim e lá vem a orientação. O céu é o limite.
Onde vamos parar? É o que muita gente pergunta.
De fato, é inquietante constatar que a máquina executa num zás-trás tarefas que nos demandariam uma pesquisa longa e penosa. Mas, da minha parte, estou sossegada. Sinto-me como o remador das galés, ao ser libertado.
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Se me dão licença vou recordar que as máquinas de calcular também assustaram muito, ao se tornarem populares. Na escola, foi um deus-nos-acuda.
A escola queria ver as máquinas de calcular pelas costas. Dizia-se que elas prejudicavam o raciocínio e a concentração, que elas acabariam atrofiando capacidades humanas, etc.
– O que aconteceu?
Eu que virei dependente, que não consigo somar dois mais dois sem máquina, sou suspeita em falar. Mas, vamos e venhamos, qual o real prejuízo? Benefícios eu sei. A máquina nos livra do trabalho maçante, diminui o risco de erro de cálculo e poupa tempo.
Sim, claro, as respostas do ChatGPT são muito mais complexas do que as da calculadora. De todo o modo, parece que o essencial permanece. Ou seja, a máquina dispensa o trabalho braçal e melhora as condições de utilizar, depois, os dados disponibilizados.
– Vai prejudicar os alunos?
Duvido.
Ao menos na minha experiência, a pesquisa que se fazia na escola era meio fajuta. Lembra como era antigamente? A gente abria duas ou três enciclopédias e copiava trechos do assunto meio às cegas. Pulava parágrafos, para não ficar longo demais e nem prestava muita atenção ao que copiava. Qual o proveito de fazer aquilo? Sejamos francos, qual o proveito?
Exercitar a capacidade de interpretar, de comparar, de avaliar e de fazer aplicações na nossa vida concreta são capacidades que a escola deve continuar a exercitar. Para isso, o ChatGPT só contribui. Ele faz a pesquisa básica e deixa a gente com mais recursos para utilizar a informação. E não é isso o que importa realmente?