Em breve vamos comemorar o Dia Internacional da Mulher.
Não sei o que você pensa a respeito.
Eu me junto àqueles que acreditam no efeito positivo que o destaque desta data enseja. Desde que as festas de 8 de março começaram, é crescente a consciência da igualdade entre homens e mulheres. Passamos a prestar mais atenção à discriminação e a afirmar a dignidade feminina com mais ênfase.
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É difícil admitir publicamente, mas nossa cultura está, sim, impregnada da ideia de que mulher é menos. Esse sentimento se encontra enrustido também dentro de nós mulheres, mesmo que nos custe reconhecer o fato.
Por exemplo, representa um avanço simplesmente mudar a redação de uma frase. Parar de dizer que as mulheres vivem para a felicidade da família. Poder dizer que a felicidade da família passa pela felicidade das mulheres.
Frequentemente, nós, as mulheres, aceitamos a inferiorização e papéis subservientes como se não pudéssemos aspirar a uma situação melhor, como se não pudéssemos merecer nada mais do que a segunda fila, a segunda classe, a segunda mão. O famoso livro de Simone de Beauvoir, “O segundo sexo” identificou o feminino como gênero subalterno. Aliás, vale muito a pena conhecer o trabalho de Simone de Beauvoir, publicado em 1949. Trata-se de uma pesquisa organizada de forma tão consistente que foi capaz de transformar o pensamento mundial a respeito do assunto e continua fonte obrigatória para quem quer se aprofundar na matéria.
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Para superar a situação de desigualdade, seria bobagem almejar uma dança das cadeiras, do tipo: quem sentava aqui agora senta ali; quem estava em baixo troca com quem ficava em cima, etc. A mesa virada não representa avanço nenhum.
Melhor é tomar o dia da mulher como um incentivo para experimentar no cotidiano a verdade elementar do um mais um. Quero dizer: dois inteiros é mais do que um inteiro e um meio. Por isso, além de oferecer/receber rosas num certo dia de março, caminho promissor é aquele que leva homens e mulheres a caminhar lado a lado, ninguém se achando menos, ninguém se achando mais, e a reconhecer que as parcelas de tamanho igual fazem crescer o resultado.
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Num país cheio de desigualdades, como o nosso é, a afirmação da dignidade feminina pode cooperar, além de tudo, para superar outros tipos de preconceito e exclusão.
Não deixemos o assunto morrer!