Há alguns anos, Richard Wiseman e a Sociedade Britância para o Progresso da Ciência iniciaram um projeto de grande amplitude. Queriam conhecer qual a piada mais engraçada do mundo e, ao mesmo tempo, investigar a psicologia do humor nos quatro cantos do globo. Na prática, o objetivo era descobir se homens e mulheres acham graça das mesmas piadas; se o senso de humor muda à medida que a gente envelhece; qual a melhor hora do dia para ouvir uma anedota e se povos de diferentes países conseguem rir pelos mesmos motivos.
Reunindo dados das milhares de respostas recebidas via internet, foi possível chegar a bons resultados, entre eles, a identificar a piada mais engraçada para homens e mulheres de diferentes idades e diferentes países. É a seguinte:
Dois caçadores estão na floresta, quando um deles tem um colapso. O companheiro pega seu celular e telefona para o serviço de emergência. Ao ser atendido, a custo gagueja:
– Meu amigo está morto, o que devo fazer?
O operador da emergência responde, de modo muito profissional:
– Acalme-se, amigo, nada de pânico, eu posso ajudar. A primeira providência agora é nos certificarmos de que ele está morto de fato.
Segue-se um longo silêncio e então o barulho de um tiro. De volta ao celular, o caçador pergunta ofegante:
– E agora o que eu faço?
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O que acontece com essa e com a maioria das piadas é que elas produzem uma sensação de bem-estar, que vai além da risada, concluiu a pesquisa. O bem-estar vem da possibilidade de mostrar que estamos em vantagem em relação a outros, que há, como no exemplo, pessoas mais burras do que nós. O sentimento de superioridade é muito confortador. Aí estaria também a explicação para o gosto que se observa em diferentes pontos do planeta, onde os países têm as suas vítimas preferidas. É o que acontece no Brasil com os portugueses; na França, com os belgas; na Finlândia, com os russos e assim por diante.
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Se prestarmos atenção, notaremos que muitas vezes as piadas encobrem uma brutalidade espantosa. Elas podem ser cruéis com os desajeitados, os bêbados, os negros, os feios – sem falar nas sogras e nas loiras. Em período eleitoral as piadas circulam mais ainda. Ridicularizar adversários vale como elemento de campanha. Quanto mais provável a eleição de alguém, maior o número de anedotas ou de imagens “engraçadas” em circulação.
Seria bom pensar sobre o que isto diz sobre nós, os brasileiros, que sempre nos consideramos um povo cordial, conciliador.