Meus amigos sabem que cozinhar é mais do que um hobby para mim. Leio tudo, sobre o que nos alimenta e gera satisfação a cada nova receita. Assim, não resisti ao tema proposto pelo médico norte-americano David Perlmutter em seu livro, “A Dieta da Mente”, que encontrei em um sebo, no Centro Histórico de Porto Alegre. Sem meias palavras, ele afirma que os carboidratos podem destruir o cérebro humano.
Não importa se é farinha branca, ou integral – rica em fibras, sais minerais e vitaminas. O médico e pesquisador garante que o efeito é igualmente devastador: epilepsia, ansiedade, enxaquecas, depressão e redução da libido, estão na imensa lista de problemas provocados, segundo ele, pela ingestão de farináceos. Medo! Estamos em pleno inverno, período em que me considero o Master chef das carbonaras e outras gordices.
Em outras palavras, o livro promete provar que não são apenas fatores genéticos os responsáveis por danos ao cérebro, mas tudo aquilo que ingerimos. Para isso, apresenta relatos e entrevistas com a transformação de pessoas que estariam na trilha da demência e recuperaram – aleluia! – a saúde mental, por meio de uma dieta rica em “gorduras boas” que, segundo ele, facilitam o emagrecimento sem que se perca a cabeça.
Ele criou um programa de quatro semanas para garantir um “cérebro saudável, vibrante e aguçado – sem medicamentos”. A publicação inclui uma lista de receitas e metas fáceis de cumprir mesmo para nós, os abobados da farinha. “O plano de ação de Perlmutter prova que você pode assumir o controle de seus genes, recuperar o bem-estar e manter a saúde e a vitalidade por toda a vida”, assegura o prefácio do livro.
Assim, lá vai mais uma publicação entre muitas contestadas, em sua efetividade – voltada aos gordinhos – grupo ao qual me incluo. Somos refratários a movimentos radicais pelo emagrecimento. A nossa rotina é iniciar dietas que nos expiem a culpa e raramente concluí-las. Afinal, mesmo acima do peso, conseguimos trabalhar. Tampouco nos falta amor, afinal sempre podemos conquistar alguém, literalmente, pela barriga.
As publicações, dicas e dietas milagrosas se repetem quase diariamente. Nos anos 80, eu lembro do médico João Uchoa e seu best-seller “Só é gordo quem quer”. Fiz e consegui até alguns bons resultados. Isso durou até denunciarem o autor por não validar cientificamente suas dicas. Agora surge essa, que ameaça: além de gordo, posso estar me idiotizando à base de carboidratos.
De qualquer maneira, aprendi que a melhor receita é aquela que não te proíbe nada, mas reduz quantidades a níveis que afastem os perigos da gula. Em boca fechada não entra o alimento que aumenta o peso e reduz o QI. O segredo de toda a dieta, se chama equilíbrio. O problema é que para atingi-lo, pelo menos eu, ainda não consegui uma boa e deliciosa receita.