Na semana passada, por pouco não ultrapassei erradamente um acesso rodoviário. Esbravejei contra a falta de sinalização. Foi aí que meu caroneiro, discretamente, apontou a imensa placa, com seta e velocidade limite indicadas. Tudo perfeito, não fosse a pichação com riscos, palavras obscenas e desconexas que a encobriram totalmente. Este é apenas um detalhe no circo mambembe que tantas vezes se arma em nosso país. Todos a criticar administrações públicas ou o universo político, mas qual a contribuição de cada um?
Com certeza não foi um parlamentar sem noção quem destruiu a sinalização. Talvez tenha sido um sujeito que a toda hora, critica os políticos. É fácil reclamar da corrupção, dos desmandos, dos candidatos despreparados e da falta de ação nas esferas governamentais. Queremos estudo, queremos leis, queremos mais! Queremos que se cumpram as leis, mas aceitamos deixar nosso rabo preso a uma placa destruída de trânsito.
Vejo militantes de todas as áreas, muitas vezes, constrangidos ao entregarem panfletos. Divulgar as propostas de seus candidatos é quase um pecado na guerra santa que desmerece, indiscriminadamente, o esforço de tantos nas cidades, estados e nação. Serão todos assim? Não simplifiquemos, não anulem os votos em nome de um protesto que, a meu ver, é uma promissória em favor dos que lucram com a miséria, com a ignorância, com a própria falta de seriedade de alguns maus políticos.
Muitos buscam soluções mágicas. Reclamam das propostas, da mesmice apresentada em ralos minutos nos meios de comunicação. Querem originalidade, mas em seus cotidianos, o que fazem para tornar a vida melhor, menos repetitiva? Alguns quando chamados na escola porque o filho aprontou, por exemplo, desabam em ira contra os mestres, na defesa irracional dos rebentos.
Outros praticam pequenos delitos, receptam fios de cobre que escurecem vias urbanas sustentadas com nosso caro imposto! Cínicos! Usam o carro da firma para assuntos pessoais, e se as taxas são muitas, sonegam. Pagar o imposto e cobrar sua aplicação correta, seria bem mais ético.
É fundamental ler as propostas que, afinal, representam o nosso futuro. Candidato não brota em árvore. É um sujeito igual a nós, que bota a cara a bater por gostar de política. E se ele entrou nessa para se locupletar, na próxima votação, o povo que é atento, o pune nas urnas. Nem precisa quebrar prédio público, conspirar nas redes sociais.
Mas alguém aí fiscaliza? Lembra em quem votou na eleição anterior? Que feio! Anotemos tudo, então. Vamos exigir, sugerir, dar trabalho aos marqueteiros. Faz-de-conta não enche barriga! Emocionante é escolher a proposta que brotou com sua participação e ainda ajudará muitos outros.
Está na hora de limpar a política do conchavo espúrio, do interesse exclusivamente pessoal. Pensar no coletivo faz o indivíduo andar melhor, mais seguro, dono de seu nariz. Não desligue o rádio, anote e se faltou criatividade, sugira algo melhor. Ponha a cabeça a funcionar. Porque o maior mal está à espreita dos que se omitem.
Fique atento: alguns têm um título eleitoral em uma mão e uma arma na outra. Nós que ocupamos as mãos com o trabalho que carrega o país, vamos levar o título eleitoral no bolso direito ou esquerdo do peito e transformar esse documento na arma que dispara saúde, cultura, segurança e oportunidades.
Aquilo tudo que prometem mas que apenas nós, gente do povo, pode fazer cumprir, se usar corretamente a urna eleitoral. Portanto, atenção ao horário gratuito, que não tem nada de gratuito e pode custar caro aos que se omitem. Dê essa chance a você mesmo, se antes não funcionou, faça um mea culpa, vote outra vez. Mas nunca, jamais, se omita.