Nos dias em que trabalhei no bairro Passo d’Areia, em Porto Alegre, no mínimo uma vez por semana cruzava pela rua Arroio do Meio, ou seja, a placa me informava que era uma cidade do Vale do Taquari. Isso eu sabia. Anos depois fui convidado por meu amigo, o Gilberto Jasper, a disponibilizar os artigos que publicava em meu blog pessoal aqui, nas páginas d’O Alto Taquari. Ou seja, outra vez, a cada sete dias, passaria por esta cidade, desta vez em páginas impressas, diretamente os leitores da região. E não é que deu certo?
Mesmo sem visitas físicas frequentes ao município, sigo presente, impresso e distribuído a centenas de leitores. Alguns deles, volta e meia, entraram em contato para apoiar ou criticar meus pontos de vista. É tudo válido, a comunicação é feita para o bom debate e, quando possível, um saudável bate-papo de cafeteria, padaria ou restaurante. Agora, livre de trabalhos exaustivos, na próxima vez em que aparecer por aí, vou cobrar da turma de colaboradores do AT, parceria para um happy hour, após o expediente, é claro.
Afinal, aos 90 anos, Arroio do Meio passou por momentos críticos. As cheias transformaram rotinas em angústia. Bairros inteiros foram destruídos pelas águas que elevaram o rio Taquari a quase 40 metros. Centenas de famílias perdendo tudo. A ponte destruída na RS-130 será substituída por uma estrutura de 172 metros e, diferente do anunciado, não será devolvida à comunidade até o fim do ano. Em 90 anos, muita história para contar. E muita luta que virá, ali adiante, porque o planeta anda esquisito.
As marcas das tragédias naturais permanecem e percebo isso em Porto Alegre, as paredes de casas e edifícios, em meu bairro, ainda mostram as marcas deixadas pelas cheias. Por mais que lavadas, será preciso um tempo ainda mais elástico para que as cicatrizes deixadas pela força das águas desapareçam. Muitos desejaram abandonar seus lares, temendo novos desastres. Mas qual o local totalmente seguro? A Mãe Natureza manda recados e os seres humanos, seguidamente, se fazem de tolos por ganância ou desconhecimento.
O meu desejo é ver Arroio do Meio uma eterna pérola a abrir novas portas ao desenvolvimento, a parceria que a torna exemplo de força contra o que ainda pode vir. Sempre a favor de novas manhãs de uma rotina ensolarada.
E quando chegar a noite, termos um travesseiro fofo em um lar quentinho e seguro, assim mesmo, entre arroios. Feliz aniversário querida cidade. E obrigado por acolher, há tanto tempo, esse cronista quase cidadão local.