Sábado passado acompanhei um amigo à Arroio do Meio. Ele faria uma visita comercial a uma cervejaria da cidade. Cheguei lá e fiquei impressionado com a estrutura bacana e organização do espaço que produz sua própria bebida. Está funcionando a pleno, sempre lotando com público local e visitantes. Mas é um recomeço no pós-cheias. E as cenas que vi, a partir daquela tarde, circulando pela cidade despertaram em mim a certeza de que a reconstrução se faz assim, com trabalho e criatividade. A espera de um Natal igualmente solidário que avista, ali adiante um 2025, quem sabe, menos sofrido.
Em Eldorado do Sul, onde moro, vejo a força de toda comunidade pela reconstrução. O ano está sendo cruel conosco, pobres mortais, mas para todo drama sempre temos uma nova escrita e, quem sabe, menos sofrida em com trechos sintonizados em uma necessária recuperação. E é claro, mantendo um ritual de cobrança aos organismos públicos para que façam a sua parte. Temos uma ponte a reconstruir. Com urgência. A nossa contribuição – além de um intenso voluntariado – são os impostos pagos, ora!
Em meio toda essa tragédia ambiental, também acompanhei o luto de amigos, em Porto Alegre, que perderam familiares repentinamente. Esse 2024 está passando uma régua muito rasa nas fragilidades humanas. A viúva de um amigo falecido, após um longo período hospitalizado, me garantiu que 2025 seria de reconstrução. Havia perdido um companheiro de longa jornada. Agora ele não estaria mais fisicamente a seu lado, mas a escrita do afeto registrara uma história com energia para se levar adiante. “Um dia vamos nos reencontrar em um plano onde a dor não sobrevive”, me assegurou ela, com muita fé.
E assim deve ser. Em minha próxima ida ao Vale do Taquari, vou cruzar todas as estradas de chão que forem necessárias, mas brindarei com um chope vencedor. Quem sabe bem recebido lá na choperia do Juliano, onde se percebe, de verdade, uma Bela Vista. Aceito sugestões, outros locais. Vamos a todos! Temos ainda muitos desafios a enfrentar e aqueles que se prendem à desesperança, ficam eternamente lambuzados pelo lodo das tragédias impostas pela vida.
A saída é enxaguar os apuros com trabalho e alguma festa porque, afinal, ninguém é de ferro. Estou aqui a enfrentar o que chamam de melhor idade – apesar das dores e tristes despedidas – e tentar vencer as enxurradas com as muitas mãos que – unidas – remam a favor da mais digna sobrevivência onde, cada vez mais, incluiremos respeito ao planeta onde vivemos.