Se você tem mais de 40 anos, ainda pode ser reconhecido como um feliz conhecedor da antiga estratégia nos combates de campo (“luta aberta”), entre soldados e índios, por exemplo, que os filmes de então possibilitavam e você, certamente “curtia”.
Quando os ataques indígenas se verificavam nos filmes americanos, na maioria, você torcia para os cara-pálidas ou não, mas ali estava você, batendo com os pés no chão e o coração em cadência exagerada, sinalizando no peito, certo do que você fazia e para quem você torcia.
Nas gerações dos anos anteriores, o mesmo sucedia nos combates entre Os Cavaleiros do Rei Arthur e os Sarracenos, nas incontáveis vezes em que o cálice Sagrado se constituía no Grande Prêmio a ser distribuído, ao final, para os vencedores. Os uniformes de uns e outros distinguiam-se facilmente e você podia colocar toda a força de seu desejo de vitórias ao lado de quem o estava representando, naquela hora.
É lógico que os dois panoramas acima foram modificados com o tempo e, do final do século passado até agora, foram-se 12 anos, e as hordas (bandos de pessoas indisciplinadas ou malfeitores) de sua preferência ou não, apresentam-se fardadas com uniformes de povos amigos – às vezes -, mas você já se decidiu se vai ou não “torcer” para eles, ou se ficar melhor, vai apoiá-los na luta que pregam ou já estão praticando.
Mas e na política? Como localizar no Brasil, por exemplo, quem está do lado para o qual você torce?
O PJXS, do Estado Tal, não é o mesmo Partido do qual você falava maravilhas? E hoje, depois de dezenas de alterações ou recomendações sem sentido, o que você dirá, já que a simples menção de seus nomes fará de você um suspeito beneficiário de um episódio lamentável?
Aquele lenço amigo no pescoço e aquela linguagem pronunciada como se fora um forasteiro heroico, não são os mesmos que hoje caracterizam um procedimento inaceitável?
Quando você, no auge do discurso preparado para uma enxurrada de aplausos, disse a frase que há anos é sua fala seleta para emocionar eleitores, não sentiu os olhares da dúvida colocados em sua honrada figura?
Foi a partir daí que você pôde ver que o bom para o seu partido no sul, o PJXS, é muito ruim para o mesmo Partido no Rio de Janeiro?
Ou ainda, que os aplausos que Fulano de Tal recebeu no seu comício, em Porto Alegre, foram as vaias dirigidas ao mesmo político por ter proferido, no Paraná, idêntico linguajar?
Você consegue entender as duas estradas que conduzem ao mesmo caminho, uma delas calçada pelo cimento dos votos – dados diretamente aos crentes na Democracia – e outra, a que se dirige à composição de votos que irá alicerçar as coligações, nem sempre observadoras das motivações políticas para sua formatação e comportamento?
Você é dos saudosos que jamais viu hereges entre os soldados do Rei Arthur, ou você adiantou-se aos novos tempos, nos quais, a cada eleição, escolhe-se o melhor para os eleitores, inclusive a presença de integrantes influentes do partido?
Mantenha-se alerta: nem tão livre que possa queimar bandeiras, nem tão comprometido que tenha de esquecer o que é a Democracia…