Ficou lá pela metade do século passado, a lembrança daquele guri de passo firme e certo a desfilar com a bandeira do Brasil ao longo das ruas de Lavras do Sul, arrancando lágrimas de emoção e aplausos de Ciro Moreau, pai, amigo e incentivador e de Zenir Moreau, a mãe amiga e companheira de sempre.
Nos três anos em que a Semana da Pátria foi vivida na “Capital do Ouro” por nossa unida e feliz família, consolidou-se nosso amor por este País-Continente, digno das homenagens a ele prestadas e, ao longo do tempo, merecedor da admiração que, de nossa parte, recebia.
Pai, mãe, um guri e duas gurias, éramos cultivadores musicais se assim posso dizer, levado pela saudade da distante apresentação feita no Clube Comercial da Cidade, quando ainda nenhum de nós, filhos, havia ultrapassado a adolescência; o suficiente para que uma gaita bem tocada e um ritmado pandeiro dessem o recado da nossa alegria e do apreço pela comunidade onde fomos felizes.
Ligados em música, desde cedo, o Hino Nacional era uma das maneiras que sempre encontrávamos para agradecer ao país a oportunidade de estudar (nós, os filhos) e trabalhar (pai e mãe), sempre satisfeitos pelos compromissos cumpridos, de parte a parte.
Pouco tempo depois, já em Uruguaiana, nosso herói e líder viajou sem a possibilidade de retorno, mas ficou seu exemplo de dedicação à família e ao seu sonho de um futuro na agropecuária, uma das lembranças que nos legou, aos 43 anos de uma vida correta.
Levados em frente pelo apoio e dedicação de uma Mãe com letra maiúscula, tínhamos a música sempre como ponto de referência, especialmente aquelas que pudessem trazer nosso pai de volta – como se isso possível fosse.
A música sempre ali, ciosa de seu papel de acompanhante, sempre ao nosso lado, criando suas próprias maneiras de cumprir a sua parte.
Em 1957, cursando o Mestria Agrícola na ETA – Escola Técnica de Agricultura de Porto Alegre, tive a honra de receber de parte do Maestro Léo Schneider, professor de música da ETA, a notícia de que a letra de minha autoria havia sido escolhida para compor o Hino da Escola, na parceria com ele, Léo Schneider.
Senti-me honrado duas vezes: por ter conseguido uma importante vitória (eu tinha 13 anos de idade) e por poder ser parceiro musical do nosso professor considerado, à época, um dos maiores organistas do mundo, com frequentes apresentações na Europa, especialmente na Alemanha.
Com a música a tiracolo, ingressei no Rádio Esportivo no horário noturno e ao longo do dia fui trabalhar no Banco Agrícola Mercantil, tendo sido selecionado para cantar no Coral do Banco, regido pelo Maestro Vicente Taveira, um professor de maestros.
Daí, para a TV e logo a seguir para a propaganda, carregando, sempre, uma pasta com jingles comerciais, já desde cedo com a presença do amigo fraterno Galileu Arruda, o melhor e mais inspirado jinglista com o qual trabalhei, autor de músicas de verdadeiros sucessos de vendas de produtos, dos quais o melhor deles era a emoção contida em cada jingle.
Autor de um livro de poesias, uma delas caiu nas mãos de Délcio Tavares, que tempos depois musicou Sanga, Pitanga e Sabiá, que viria a ser um sucesso inclusive em Santa Catarina e no Paraná, o que em muito ajudaria este modesto escriba.
Pois a música, que foi importante para dar ritmo à Portal Mix de hoje, na quarta-feira, dia 1º de maio, foi uma grande emoção no jogo Grêmio e Independente de Santa Fé, na Arena gremista.
Foi tão impressionante o vigor e o entusiasmo com os quais os torcedores presentes cantaram o Hino do Rio Grande do Sul, que qualquer pessoa seria capaz de dizer que os Farrapos haviam vencido a guerra de quase 10 anos, contra o Império.
Mas com o mesmo entusiasmo em que vivi esta alegria, gostaria de pedir a todos os leitores desta página, que façam o possível para cantar, também, desde já, o Hino Nacional Brasileiro. como uma forma de treinar para mostrá-lo ao mundo, solene e prestigiado, como sempre deveria de ser, nos tempos que logo ali adiante, virão.
O Brasil musical: que tal começar sua divulgação por nosso próprio hino?