A gente se impressiona com o aprimoramento da tecnologia utilizada pelos institutos que fazem as previsões de tempo e analisam todos os aspectos relacionados ao clima. É possível perceber que os “acertos” são cada vez mais próximos daquilo que é projetado com bastante antecedência.
É natural que o comportamento do tempo, que apresenta condições excepcionais nos últimos meses, seja assunto em qualquer lugar deste Rio Grande do Sul. Pois a severidade do clima, alternando chuvas intensas, vendavais, granizo, sucessivas enchentes, alagamentos, com problemas no fornecimento de energia, tirando de suas casas milhares de pessoas e a Capital do Estado registrando inundações de áreas que há mais de 70 anos não acontecia, mostra uma anormalidade bem fora de um padrão.
Há muito tempo ouvíamos falar da possibilidade da ocorrência do fenômeno “El niño”. Eis que ele compareceu, com todas as formas e características anunciadas, provocando as intempéries com tantas e tão desagradáveis consequências. Confirma-se assim o poder da tecnologia, do trabalho científico dos institutos, mas, sobretudo dos profissionais que se dedicam a essa área complexa.
Mas quero também trazer a uma breve análise a importância da “sabedoria” das pessoas de experiência de vida. Pois muitas vezes temos ouvido, de gente de idade mais avançada, que armazenam um cabedal de conhecimentos, que quando o inverno é menos rigoroso, em termos de frio e de geada, as estações seguintes seriam de riscos de temporais e de precipitações de granizo. “A geada que não ocorre no inverno, vem em forma de granizo!”.
De fato a sabedoria popular, em muitos aspectos, não falha. E essa sabedoria aliada aos avanços tecnológicos proporciona, hoje, uma grande possibilidade de as pessoas tomarem precauções e se organizarem melhor para o enfrentamento de contratempos.
As regiões do sul do Brasil estão acostumadas a enfrentar as sucessivas e acentuadas mudanças climáticas. Os diferentes setores são atingidos, mas especialmente as áreas localizadas no interior são as que mais sofrem e aí o setor da produção primária colhe os maiores prejuízos, pois as lavouras, estradas e muitas vezes as construções, benfeitorias têm os reflexos da inclemência do tempo.
Denota-se atualmente uma grande preocupação no meio rural, principalmente de parte dos produtores de grãos, desde trigo, milho, soja e outras atividades como o fumo, feijão e hortifrutigranjeiros. Mas na nossa região que tem a produção de leite como uma de suas principais fontes de renda para a pequena propriedade familiar, vive desde já uma quase certeza, de um próximo ano muito complicado. Poderá faltar alimento para os plantéis de animais. Muitos agricultores ainda não conseguiram fazer o plantio de milho, que seria destinado à formação de silagens. A maior parte dos produtores de leite, com um clima normal, fazem duas colheitas de milho-silagem. Mas se as condições do tempo não melhorarem, a diminuição da produção desse insumo ficará altamente comprometida, podendo reduzir-se a 50%, se comparado ao ano anterior.
Não há nenhuma intenção de propagar-se pessimismo, tratando-se porém de uma possibilidade, a partir de fatos concretos.
Produtividade e Operação Leite Compen$ado
São dois temas relacionados à produção de leite. Falando em produtividade, quero destacar que, segundo o IBGE, o RS alcançou a maior produtividade por vaca-ano, no âmbito brasileiro. Alcançou a marca de 3.034 litros, quando a média nacional, em 2014, foi de 1.525 litros. Trata-se de uma “média”, sabendo que na nossa região há vacas que devem produzir até três vezes essa quantia.
E a segunda informação, da Operação, que foi realizada nesta semana, que é a décima fase do Leite e a segunda fase do queijo compen$ado, mais uma vez atinge a região do Vale. Não há jeito, os malfeitores não desistem. A legislação para esse tipo de crimes ainda é branda a ponto de não de se ter êxito nas tentativas de erradicação desses grandes males.