Estado político por excelência e habituado a resolver pendências por ideias e ideais mediante conflitos e revoluções, o Rio Grande do Sul chegou ao ponto de protagonizar a Revolução da Gravata, como ficou conhecida a Federalista de 1893, tida por todos os historiadores como a mais cruenta guerra civil da América do Sul.
Por que da gravata? Durante dois anos e meio, cerca de 10 mil combatentes, dos dois lados (“pica-paus” e “maragatos”) sempre que possível eliminavam os adversários mediante um golpe certeiro, por lâmina afiada, na vascularizada região do pescoço do oponente, provocando um grande filete de sangue, tomando as feições de uma aterradora gravata vermelha.
A principal razão dessa luta fratricida eram as posições fortes e antagônicas dos dois líderes – Júlio de Castilhos e Silveira Martins – que defendiam, o 1º o “status quo”, ou seja, a permanência de quem era governo durante o Reinado, mesmo com a Proclamação da República e o 2º, um “status mutantis”, se é que assim podemos chamá-lo, uma nova ordem.
Além desse morticínio, o estado voltou a envolver-se em outro derramamento de sangue (1923), motivado pelos cinco períodos de Borges de Medeiros à frente do governo gaúcho, tendo como adversário Joaquim Francisco de Assis Brasil, comandante da Revolução chamada Libertadora.
O Tratado de Pedras Altas, assinado ao final, definiu o fim da Era Borges e abriu caminho para Getúlio Vargas chegar à presidência do Estado.
Embora terríveis em suas consequências, número de mortos e clima de total insegurança instaurado no RS, ainda considero as duas grandes Revoluções políticas aqui ocorridas, menos nocivas para o estado do que a atualmente denominada Violência Social, por uma simples razão: a grande maioria dos mortos nas citadas revoluções, era de partidários ou simpatizantes que estavam em defesa da causa, escolhiam a luta como forma de expressar sua participação e apoio e sabiam da possibilidade da sua própria vida ser sacrificada por aquilo em que acreditavam.
A Violência Social que aí está, antes de mais nada tem se caracterizado por produzir vítimas inocentes e alheias, em sua grande maioria, ao processo que a originou.
Quantas crianças perderam a vida por se encontrarem no caminho de balas perdidas?
Quantos jovens em pleno vigor de uma vida repleta de planos e esperanças, estão sendo abatidos pela coincidência de se encontrarem no lugar errado e na hora errada?
Como explicar o crime para roubar um skate, um par de tênis, uma camiseta, um abrigo ou dez reais do bolso de um taxista ou de um pobre pai de família?
E como aceitar que todos esses objetos, ali adiante sejam trocados por uma dose, pedra, saquinho ou porção de droga, suficiente apenas para uma pequena e sofrida “viagem” cuja passagem, amanhã, poderá custar outra vida?
É preciso acabar com a violência que se vale do sobrenome social para esconder do vício.
O Governo gaúcho tem Experiência, Capacidade e Vontade Política para responder e agir. É só confiar e aguardar, participando, de preferência.