O poeta latino Juvenal (Décimo Júnio) – sobre quem escrevi há cerca de 4 meses – e que viveu entre 60 e 240 DC, deixou-nos como herança o seu “Sátiras”, no qual atacava os vícios demonstrados por seus contemporâneos, diariamente presentes ao Forum Romano para pedir trigo e espetáculos gratuitos.
É dele a famosa sentença “Panem et circences” – Pão e circo – referência a duas necessidades básicas da época e, antes de mais nada, a ligação entre pão e trigo como pai e filho, causa e consequência.
O pão deve a Juvenal, entre uns poucos outros, o fato de se haver tornado o símbolo dos alimentos.
No seu tempo já existia uma espécie aproximada da moenda de agora, o pão já fazia parte de inúmeras lendas entre hindus, fenícios e árabes, mas foram os egípcios que o criaram, no mínimo 40 séculos Antes de Cristo.
O trigo chegou ao Brasil na primeira metade do século XVI, trazido por Martim Afonso de Souza, para ser plantado na Capitania de São Vicente, uma das duas que deram certo, na época (a outra foi a de Pernambuco). Chegou a ser cultivado inclusive na Ilha de Marajó.
Trazido por açorianos, chegou ao RS em 1737 e há registro de que, em 1780, já se colhia 2.000 toneladas no estado.
Na metade do século XIX, a ferrugem já havia feito um estrago nos trigais brasileiros, mas lavouras em Pernambuco, Alagoas e Goiás deixavam claro que ali estava uma cultura adaptável também a outros solos e climas brasileiros, não só aos da Região Sul.
Uma Lei de 1937, determinou a criação de 5 estações experimentais no RS, SC, PR, SP e GO além de 40 postos de multiplicação de sementes, em vários outros estados. Nenhum posto chegou a ser instalado, à época.
Na década de 70 do século passado, colhemos safras entre 2 e 3 milhões de toneladas mas também houve 1972, onde o clima impediu que a colheita superasse 700 mil toneladas.
O Brasil produziu, em 2010, 5 milhões 770 mil toneladas de trigo, mesmo tendo plantado uma área 12% inferior a de 2009, quando a colheita alcançou 5 milhões e meio de toneladas.
Isso demonstra significativo aumento no índice de produtividade dos trigais, o que é uma boa notícia, já que o trigo é o único cereal que possui glúten – proteína ausente nos demais grãos – o que o torna indispensável na alimentação.
O planeta produz ao redor de 570 milhões de ton./ano, com a Rússia, EUA, China, Índia e França responsáveis por 60% dessa produção.
O Brasil planta 1% do trigo colhido no mundo e consome ao redor de 8 milhões e 700 mil ton./ano.
Falta-nos, então, 3 milhões de toneladas para igualar nossa demanda. Há uma tendência a explorarmos melhor as possibilidades de cultivo no Brasil Central, pelas condições climáticas ali existentes.
Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, nesta ordem, produzem 90% do trigo brasileiro, hoje.