Passei parte do ano de 1991 em Portugal. Sim, sei que você aí nem era nascido. É por isso mesmo que eu falo. Acontece que naquela altura me impressionei muito com a idade média da população de lá. Era comum ver funcionários de cabelos brancos nas repartições, nos bancos, dirigindo ônibus, etc. Também na Universidade era visível que os alunos tinham mais idade. Os professores, nem se fala. Quando eu tomava o metrô e olhava à volta, um passatempo era imaginar a idade média das pessoas. No geral, parecia estarem mais de 10 anos à nossa frente.
A situação era diferente no Brasil de então. Nos inícios dos anos 90 esbanjávamos juventude. E parecia – como costuma parecer na vida dos indivíduos – que a juventude nunca ia acabar, que a aposentadoria nunca ia chegar, etc.
Pois bem, passou o tempo e a situação mudou. Ultimamente tem se falado muito a respeito. O Brasil envelheceu. Mais do que ele, o Rio Grande envelheceu. A gangorra foi invertendo as posições. Agora é a ponta mais idosa a que mais pesa e com tendência a ganhar volume.
É bem provável que, na relação Brasil-Portugal, também haja mudança. Não pesquisei a respeito, mas é possível que Portugal tenha rejuvenescido. A forte imigração dos últimos anos pode estar determinando lá um aumento da natalidade e, por consequência, invertendo a pirâmide demográfica.
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O envelhecimento médio da população – como se sabe – depende principalmente da queda no número de nascimentos. Entende-se. Se nascem menos crianças, a pirâmide vai se invertendo. A base formada pelos bebês diminui de tamanho, enquanto que se alarga o topo constituído pelos mais velhos.
Junto com a queda na taxa de nascimentos, a longevidade responde pelo aumento do número de grisalhos.
O século XX foi campeão no aumento da longevidade. Até 1900, a duração média da vida das pessoas, em termos mundiais, não passava dos trinta anos. Veja só. Isto leva a pensar, por exemplo, que sendo crucificado aos 33 anos, Jesus não morreu jovem para os padrões da época.
Em 1940, vivia-se no Brasil uma média de 45,5 anos. Vinte anos depois, o número pulou para 52,5 e atualmente não fica longe dos oitenta anos.
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A pergunta que agora desponta é como encarar a vida mais longa. Ainda não sabemos quais as repercussões que haverá na carreira profissional. Será que as pessoas vão encarar várias profissões durante sua longa vida? Também não sabemos como as organizações vão se posicionar em relação ao público cada vez mais idoso. Só sabemos que estamos interessados em aumentar a longevidade. Ah! isto nós sabemos!
Quem ri dessa pretensão é Woody Allen. Ele diz que é possível viver até cem anos, desde que a gente aceite abandonar todas as coisas que nos fazem desejar viver até os cem anos…