Ao priorizar a Inclusão Social, o Governo pode colocar o Brasil fora do Mapa das Revoltas que abalam o Mundo
Há cerca de 6 anos, escrevi, nesta mesma Página, “O perigo de fabricar Goianésias”, que tratava das desordens e destruições cometidas na cidade que tem esse nome e se localiza no Sudeste do Pará.
Lá, a polícia foi incompetente para elucidar 15 casos de estupro e acabou perdendo o controle sobre uma pequena parte da população que, em menos de 10 horas, queimou a Delegacia de Polícia, a Prefeitura, 7 prédios públicos, a Casa do Prefeito, uma dúzia e meia de automóveis e caminhões do município, depredou tudo que foi sendo identificado como Bem Público e, na sua ação destrutiva, só poupou o Hospital. Um mês e meio depois, desta vez na França, caso semelhante teve início quando dois jovens, Bouna Traore, de 15 anos e Zyed Benna, de 17, morreram eletrocutados, ao se esconderem em uma subestação de energia, para fugir da polícia, por quem estariam sendo perseguidos.
A resposta da jovem população francesa da cidade de Clichy-Sous-Bois, indignada com o ocorrido, andou na mesma direção e intensidade dos paraenses de Goianésia: foram queimados 15 veículos e depredados diversos prédios durante uma série de tropelias na cidade. Assim como a imensa maioria da população paraense, os habitantes de Clichy-Sous-Bois figuravam entre os mais pobres do país.
A infra-estrutura social nas duas regiões era precária. Nas duas, os serviços de assistência social eram insuficientes e as atividades de lazer praticamente inexistiam.
Nas duas regiões, o principal problema era o desemprego, seguido pelo acesso à escola, na época, também dificultado. Na verdade, a cada dia, se alarga e se aprofunda o fosso que separa ricos e pobres, governantes e governados, Judeus e Árabes, Europa e África, xiitas e pacifistas e, aos poucos, jovens e idosos.
A todo esse contencioso, falta acrescentar duas palavras, cujo significado é nitroglicerina pura hoje e será puro trinitrotolueno (TNT) amanhã: fome e sede.
As revoltas dos últimos meses nos países árabes, Tunísia e Egito, ambos localizados na África do Norte e mais recentemente na Espanha, Chile e Inglaterra – nesta de maneira mais generalizada – mostraram que esses movimentos centram-se na força de demandas não-atendidas, como Democracia, Liberdade, Educação, Emprego e futuro com alguma garantia aparente.
Ao priorizar a Inclusão Social, o Governo está a caminho de colocar o Brasil fora do Mapa das revoltas que abalam o Mundo. A única sugestão que incluo e da qual já tratei nesta Página, também, é a Regionalização da Saúde ou, em outra versão, um tratamento mais efetivo das demandas desta importante Área. De qualquer forma, estamos muito distantes da África e da Europa e o Chile é um dos dois países da América que não faz fronteira com o Brasil.
Inclusão Social é um remédio que cura a grande maioria dos males. Em casa ou nas ruas.