Em 9 de julho de 1932, estourava a Revolução Constitucionalista em São Paulo. Em setembro do mesmo ano, um grupo de 60 constitucionalistas de Soledade, comandados pelo general Cândido Carneiro Júnior (Candoca) partia em direção a São Paulo para prestar auxílio aos paulistas na revolução. O objetivo era depor o presidente Getúlio Vargas, que governava sem constituição. Do outro lado, uma tropa do governo, com cerca de 200 soldados, era acionada para combater os oposicionistas.
Na localidade de Campo Branco, situado no hoje município de Progresso, as forças governistas representadas pela Brigada Militar se concentraram para marchar contra os revolucionários. Dentre eles, muitos foram recrutados em Lajeado. Na Barra do Dudulha, na época divisa entre Lajeado e Soledade, o encontro das duas tropas. Os constitucionalistas chegaram a Barra do Dudulha no dia 12 de setembro de 1932 e montaram acampamento. Às 20h o acampamento foi atacado com tiros de fuzil e rajadas de metralhadora, dando início ao combate. No amanhecer do dia seguinte, as forças do governo, compostas por 200 soldados, iniciou o combate decisivo.
Os revolucionários foram aju¬dados por uma neblina cerrada que levantara do rio Fão encobrindo as margens do rio, não permitindo que os soldados do governo localizassem os revolucionários, que lutavam em desvantagem no número de combatentes e na qualidade do armamento e quantidade de munição. Às 10h, a neblina começou a subir e o campo de batalha ficou visível. O ataque dos governistas se intensificou, com os tiros de fuzis mais as metralhadoras, que faziam um estrago incrível, os revolucionários entrincheirados em diversos pontos, atrás de uma cerca de pedras que haviam preparado ou atrás de árvores, só ouviam as balas ricochetarem nas pedras e em outro ponto descascarem as árvores. Passado do meio-dia, os revolucionários foram despistando e se escondendo na mata, descendo na margem esquerda do rio Fão, para se reencontrarem no lugar chamado Gramado, conforme havia sido previamente combinado.
O General Candoca com sua montaria, e alguns companheiros que continuavam na outra margem do rio, lado dos militares, utilizaram uma pequena balsa para atravessar o rio. Mais tarde se dispersaram, tomando diversos rumos. Alguns retornaram pelo arroio Dudulha onde até hoje existem marcas no rochedo, próximo a Picada Castro.
Em 14 de setembro, a Brigada Militar já havia abandonado o local e o padre de Vila Fão, frei franciscano Tiago Scheffers, e alguns moradores foram até o campo de batalha, encontrando os corpos de cinco combatentes revolucioná-rios, mortos na luta e observaram inúmeras covas onde haviam sido enterrados os corpos dos soldados da Brigada Militar.
Na Barra do Dudulha resta um pequeno cemitério onde estariam sepultados combatentes dos dois lados. De acordo com depoimen¬tos que atravessaram gerações, o número de mortos no combate é uma incógnita. Alguns falavam em seis mortes, outros em mais de 100. Conta-se também que uma caixa com armas estaria no fundo de um poço no arroio Dudulha, nas proximidades de Picada Castro. Ainda hoje são encontrados vestígios do episódio.
Evento marcará data
No próximo sábado, dia 17, escritores que integram a Alivat – Academia Literária do Vale do Taquari participarão de evento especial que ocorrerá no local do combate. Alunos da Escola Estadual Pouso Novo, bem como professores e autoridades convidadas, acompanharão relatos da história do episódio através do historiador José Alfredo Schierholdt e o do repórter Alício de Assunção. O início será às 9h30min.