Começo dizendo que a União Europeia, após a reunião realizada há poucos dias, em Bruxelas, não é Nova no sentido amplo da palavra, mas é Nova, porque um de seus integrantes mais acreditados e merecedor do reconhecimento universal, a Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia), não aceitou a fórmula Franco-Alemã apresentada na reunião e salientou que “O endurecimento de atitudes fiscais-monetárias não atende os interesses dos britânicos”.
Na reunião que durou cerca de 10 horas, os 27 países que utilizavam o Euro manifestaram, em boa parte do tempo, suas dúvidas quanto ao tratamento dos “deficits” (Espanha, Itália, Grécia, Portugal, …), verdadeiras dores-de-cabeça da maior parte dos usuários do Euro.
Com a negativa da Inglaterra, por um lado a parceria dos que permaneceram obriga-se a aplicar, de maneira ainda mais severa, as recomendações franco-germânicas, de grande complexidade e implementação de resultados não comprovados em qualquer outro período do Euro.
Ao retirar seu nome da relação daqueles que continuaram a usar a Moeda Comum, a Inglaterra retira também seu aval à Fórmula, tornando ainda mais complicada a implantação do novo sistema comportamental no mercado (uso novo sistema comportamental porque é justamente daí – do comportamento – que se espera a maior modificação).
O desafio é ainda mais difícil de ser encarado sem o apoio inglês, uma espécie de depoimento contrário de um pai, ou se quiserem, um tio, que sempre apostou num filho ou sobrinho e que, de repente, afasta-se, quase que em uma declaração pública de dúvida sobre as possibilidades do parente ser capaz de realizar a proeza, sem sua presença.
Os próximos dias serão consumidos entre a possibilidade do relançamento de algumas moedas que foram substituídas pelo Euro, a fórmula apresentada sobre União Fiscal alcançar sucesso e ainda, alguns países lançarem uma Nova Moeda Comum.
Passarão cerca de 3 meses, se tanto, tempo suficiente para que se obtenha a resposta que todos começam a procurar, agora.
Há cerca de 1 mês e meio, a Presidenta brasileira, ao discursar na ONU, registrou:
“A ONU e as Instituições Multinacionais que a integram precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas encontram-se no limiar da recessão, o que dificultará a resolução dos problemas fiscais”.
No mesmo pronunciamento, Dilma Rousseff adiantou que “Os países emergentes podem ajudar; quando for o caso, devem flexibilizar suas politicas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilibrio da demanda global”.
À distância e baseado apenas no que leio nos boletins emanados por sites econômico-financeiros espanhóis, resta-me torcer para que os 26 navegadores que ficaram nos respectivos barcos, consigam ir até o fim do caminho, agora já sem o parceiro mais experiente, mas com redobrada vontade e força de recuperação. Se antes a chance era de 50% de sucesso, digamos que agora é de um pouco menos de 40%.
Isso quer dizer que o Euro terá dificuldades enormes de alcançar sucesso com a Nova Fórmula, mas justamente aí reside o acerto de sua criação e a força guerreira do seu passado de navegador.
Que a viagem seja sem tormentas ou naufrágios.
E que todos consigam chegar sãos e salvos, depois de uma fascinante volta por cima, como se costuma dizer nesses casos.