Se você viveu na Era do Namoro, controlado por pais, mães, irmãos ou irmãs da sua namorada, quero lhe dar os parabéns por ter tido essa aventura incomparável.
Refiro-me aos anos 60 e 70, época em que os namorados conversavam na presença dos “guardiões do tesouro”, que sempre estavam por perto.
Quando o “cuidador de plantão” dava uma volta lá pela cozinha, lembra?, era chegada a sua hora de arriscar alguma manobra mais íntima.
Algo suave, doce e apaixonado, um beijo na testa ou um rápido encostar de lábios, porque a turma do deixa disso era muito atenta.
Pertencem ao passado, os anos onde não se “ficava”, se namorava; a diferença era enorme e prazerosa.
Amigos com os quais conversei “dia desses”, disseram-me que aquela época, ficou conhecida como “A Era da Pólvora”. Por que? Pela simples razão de que a frase mais repetida naquelas ocasiões, marcou para sempre: “É preciso estar atento, pois a pólvora perto do fogo, explode! ”
Sabemos que o namoro já foi o único caminho para iniciar uma vida a dois, sempre desejado por todos, mas nem sempre possível de ser percorrido em total liberdade.
O Tempo, que nos presenteou com o “Ficar”, levou em troca o fantástico valor do beijo roubado (pelo menos na 1ª vez), a interminável espera para conhecer melhor a região que ficava acima dos joelhos da namorada e a alegria de saber que havia sido aceito como Cavaleiro dos Sonhos da Amada.
Nestes últimos dias, confirmou-se que toda essa poesia, toda a espécie de trato entre corações, lamentavelmente desapareceu, restando apenas palavras quase soltas, para dizer o mínimo.
No recente namoro acontecido no bairro Beira-Rio, em Porto Alegre, entre A.G e S.C.I (evito os nomes para não parecer “fuxico”), o “juntos para sempre até que a morte os separe”, acabou tendo o mesmo final de quando havia a desistência dele ou dela, após vários anos de espera; ou então, de quando um dos dois acabava “ficando na saudade”, o que quase sempre era evitado pela providência de pais e mães, que buscavam a realização de um “casamento para dar tempo ao tempo”, o que jamais deixará de ser inaceitável.
É quase certo que A.G e S.C.I viverão juntos, depois que o noivo foi obrigado a declarar “Sim, aceito casar, Senhora Delegada!”
Tempos difíceis esses, não é mesmo?