A Igreja Matriz de Arroio do Meio – Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – convida todas as famílias locais e regionais para o show ecumênico O amor torna tudo novo, com o cantor Antonio Cardoso, dia 10 de junho, às 19h30min, no Salão Paroquial (quadra de esportes). O cantor baiano está em turnê pelo RS e seus shows já foram assistidos em mais de 2.500 cidades brasileiras. Suas músicas são um resgate dos valores familiares e do amor maior. O show é gratuito.
Conversando com Antonio Cardoso, descobrimos sua grande missão de trabalhar por um mundo mais justo e humano através do toque das canções. Em entrevista, fala de suas experiências pelo país e da importância de um convite carregado de afeto para todos prestigiarem o seu show e deixarem-se tocar por momentos de pura magia e oração e de animação para a vida em família.
AT – Em seus shows pelo país, o que mais lhe impressiona?
Antonio Cardoso – A vontade e o desejo das pessoas de viverem melhor em casa. No fundo, é o que já supúnhamos há muito tempo, que vou constatando em cada comunidade. Não é difícil imaginar que, se estamos bem em casa, qualquer desafio no mundo fica fácil de enfrentar. Lembro de uma senhora que me pediu orações por sua filha que faz Medicina em Florianópolis. Ela me contou que sua “menina” cursa o 4° ano de Medicina, mas está dependente do crack. Você deve imaginar o desafio de uma mãe e um pai no esforço para realizar o projeto da filha e hoje se veem diante dessa situação. Ao me contar sua história, se pôs a chorar incessantemente. Seu esposo que estava uns 10 metros adiante percebeu que ela estava me contando sua história, veio ao seu encontro e falou: “Meu amor, estamos juntos nessa história. Você não está sozinha”. Em seguida eu lhe falei: a melhor oração quem fez foi o seu esposo. Não há nada que conforte um casal que a certeza de que um conta com o outro. A vida a dois não é uma escora como muitos podem pensar. Na verdade, quem ama percebe no olho do outro o que está necessitando. Não há necessidade de falar. Muito menos exigir. Constatar que as pessoas esperam uma palavra de conforto é ao mesmo tempo entender que a missão a mim confiada não é apenas a de um artista que canta e vai embora. Nisso consiste o ideal de quem vive uma vocação.
AT- Suas canções podem ser interpretadas como um bálsamo espiritual para reavivar a fé?
Antonio – Com certeza. Em cada CD, tento registrar um pouco das histórias que partilho com as famílias pelo Brasil afora. É fácil perceber.
AT- Você acredita que, através da canção, a Igreja Católica pode enfrentar melhor os desafios da ação evangelizadora?
Antonio – Eu diria que a música ajuda muito. Uma canção consegue condensar em três minutos o que muitos não conseguem dizer em uma hora. Sem falar da possibilidade que a canção proporciona na construção de uma identidade na nossa fé. Veja bem: minha escola foi o Padre Zezinho. Ele que me levou para gravar nas Irmãs Paulinas e produziu quase toda minha obra. Aprendi com ele a fazer da canção uma catequese. Deixando claro: sou um animador missionário. Na verdade, quem concretiza e sistematiza a catequese é a comunidade eclesial. Sem ela e sem a vida consagrada, nossa fé andaria por um fio.
AT – Na sua opinião o que se perdeu na família ao longo dos tempos e que é fundamental para a difusão do amor?
Antonio – Se você me permite, prefiro falar do que ganhamos ao longo do tempo com a família. Posso afirmar que hoje, contrariando algumas pessoas, vejo muito mais diálogo entre os pais e os filhos do que há 30 anos atrás. O que muita gente não percebe é a necessidade de nós (pais) atualizarmos a nossa proximidade com os filhos melhorando o entendimento do universo social que eles estão inseridos. Nesse aspecto, posso afirmar também que muitos pais estão completamente perdidos. No caso, é necessário que haja um trabalho, especialmente, nas escolas, para que jovens e adolescentes reconheçam nos seus pais a verdadeira “ponte” nesta linda travessia que eles estão vivenciando. Eu mesmo sou pai de adolescente. Você não imagina o “baile” que estou levando de minha “pequena” de 15 anos. Em alguns aspectos ela está muito mais preparada do que eu para reconhecer a presença de Deus na construção da família. Quer saber por quê? Porque ela é muito mais autêntica do que eu. Em função de tantas histórias que eu já vivi, faço cálculo demais para responder o que deveria ser uma coisa simples e direta. Sou grato ao Senhor por minha filha ser tão generosa comigo. Em outras palavras, o amor que a gente oferece volta na mesma intensidade quando mais a gente precisa. Sem falar que minha esposa oferece uma retaguarda extraordinária para que eu viva com intensidade a missão que o Senhor a mim confiou. Costumo dizer que ela é muito mais missionária do que eu. A parte que eu faço é a mais fácil (cantar, pregar, ser bem recebido, etc.). A parte dela é oferecer o TEMPO DE ESPERA. Nem preciso comentar aqui o quanto é desafiador para uma esposa que vê seu marido partir em missão.
AT – A pastoral que você realiza é um dom. O que diria para as pessoas egocêntricas que só pensam em juntar bens materiais e se esquecem de viver o presente que é a vida?
Antonio – Vou te contar uma pequena história: em Lucas do Rio Verde – MT tem um senhor muito rico. Rico de muitos milhões. Toda vez que a paróquia faz alguma promoção, as pessoas fazem uma comissão e vão lhe pedir um pouco de ajuda. Ele sempre diz: dá o número da conta que eu deposito. Houve um dia que promoveram um show comigo (dois anos atrás) e logo foram pedir sua ajuda. O senhor então respondeu: venham no meu escritório que eu mesmo entregarei o cheque a vocês. Ao se depararem com ele no escritório, perceberam que ele estava com o cheque pendurado nas mãos e dizendo: tem algum lugar na comissão para mim? Logo alguém respondeu: imagina! O senhor é um homem muito ocupado. Não vê que somos o grupo de pastoral? Pode deixar que a gente se vira. Só precisamos de sua ajuda. Sabe o que ele respondeu? Era o que eu temia escutar de vocês, pois sou muito melhor que o dinheiro que estou oferecendo. Na verdade, chamei vocês aqui para demonstrar meu desejo de estar junto de vocês.
Na igreja, às vezes não nos damos conta da importância de um CONVITE ou de uma acolhida carregada de afeto. No show que irei apresentar em Arroio do Meio, tentarei cantar e refletir sobre o afeto e a mística cristã na construção da família. Se muita gente se preocupa apenas em juntar bens materiais é porque pouco lhe ofereceram do amor de Deus. E nós que somos tão enfronhados na vida da igreja corremos o risco também de pensar que o dinheiro resolve tudo. Não esquecer: o egocentrismo é uma doença. E como tal, o melhor remédio é a vivência na Eucaristia. Uma ação pastoral orgânica é tudo na construção de uma igreja doméstica. Na verdade, o grande DOM é se abrir ao outro sem perguntas e sem predisposições. TAS