Este é o nome do livro, do Wanderley Xumby Thewes que será lançado no domingo no restaurante Moinho da Luz, as 10 horas. Recomendo a leitura, porque há muitas crônicas e histórias interessantes. A minha homenagem ao Xumby, à Cléa, ao filho Guilherme e à Cissa, vai através de parte do relato que narra as Bodas de Prata do casal, no quarto 479 do Hospital das Clínicas, porque é exemplo comovente de vivência em família. Uma inspiração para todos nós. É no afeto, na simplicidade, no união, na fé, na esperança, na alegria, na dor e no amor que a vida se renova.
“… Chegou o Dia D. Terça-feira, 10 de agosto. O dia de comemorar nossos 25 anos de união matrimonial. Tudo começou normalmente. Às seis da manhã fui para meu trabalho na olaria, organizei o andamento das entregas e fretes das cargas de tijolos, tomei café, visitei algumas obras, telefonei para alguns clientes, engenheiros, pedreiros, enfim, pessoas ligadas a meu ramo de trabalho.
Às 13:30 horas, liguei para o hospital para saber como estava o Guilherme, e a Cléa atendeu. Após informar-me das condições do nosso filho, sobre o tratamento, recomendações médicas, e de tudo um pouco, falei sobre o tempo, sobre o almoço que eu e a Cissa saboreamos na casa da minha mãe, e mais alguns assuntos banais e cotidianos. Não toquei no assunto Bodas ou aniversário de casamento. Fiz-me de esquecido (ela detesta quando isso acontece).
Mas o plano estava arquitetado: após fingir esquecimento e desdém pela data tão especial, encaminhar o trabalho, “ ajeitar as coisas lá de casa e ver o que es¬tava faltando para nossa filha”, passei na floricultura e comprei um lírio amarelo, uma das flores preferidas de minha amada, “e me fui para Porto Alegre!”
Ao chegar, dirigi-me à Galeria Bom Fim, uma espécie de minishopping que aglomera umas quinze ou vinte lojas pequenas no térreo de um prédio, que se situa a umas duas quadras do hospital. Bem ao fundo, há uma loja de decorações com objetos dos mais variados. E comecei a procurar. A senhora, uma mulher de mais ou menos cinquenta anos, portanto, com larga experiência, intercedeu:
– Tudo bem?
– Tudo….
Após a abordagem inicial, ela tentou ajudar. Como eu estava indeciso sobre o que estava procurando, ao ver outro cliente entrar na loja, disse-lhe para atendê-lo, que eu continuaria “ dando uma olhada em tudo.”
Enquanto meus olhos passeavam por entre as centenas de objetos, mais eu me confundia, mais indeciso ficava E eram luzinhas, porcelanas, cerâmica, vidro, madeira, gesso, acrílico, pequeno, grande, médio, torto, reto, pontiagudo, achatado, de lado, de frente, bonito, feio, mais ou menos etc, etc, etc… Até que, em meio àquela parafernália de coisas, algo me chamou a atenção: uma borboleta verde de cristal.
Meus olhos se fixaram naquela figura vítrea e não desviaram mais. Foi como se aquela borboleta estivesse viva e me chamando com seu olhar. Inexplicável a certeza que senti naquele momento. Esse teria que ser o presente para minha amada! Até porque a metamorfose que origina esse ser encantador significa renovação. E aos vinte e cinco anos de matrimônio, nada mais apropriado.
E lá fui eu. Um vaso de lírios amarelos em uma das mãos, e na outra, o pacotinho com a translúcida e límpida borboleta de cristal. E, no coração, a surpresa do momento, pois como citei antes, ela não sabia de nada. Ou até estava a ponto de me esganar, supondo que eu havia esquecido a data. O problema é que meus antecedentes me incriminam…
Ao chegar à porta do quarto 479, que era onde o Guilherme estava internado, nem foi preciso bater, pois a mesma estava aberta. Quando entrei, os dois me olharam surpresos, e ela, entre sorrisos e os olhos brilhando, exclamou:
– Olha quem chegou! E não esqueceu!
Abraçamo-nos, tracamos o tradicional beijinho, e perguntei:
-Achou que eu tivesse esquecido?
E ela confirmando:
– Eu tinha certeza que tu tinhas esquecido nosso dia! Estou surpresa!
Pegou o vaso e acariciou as flores:
– Uma das minhas flores preferidas….
E, ao receber o embrulho:
– Ué!?! Tem mais?
E foi abrindo o pequeno pacote, sentada à beira da cama, junto aos pés do Guilherme, enquanto eu abraçava o nosso filho.
Ao abrir e colocar a borboleta sobre a palma de sua mão esquerda, com os olhos marejados e sorrindo disse:
– Meu Deus, que coisa linda! Nunca mais vou esquecer!
E eu:
– Gostou?
Ela emendou:
– Claro! Gostei da flor, da borboleta, e também do gesto. Achei que estava esquecido! Que não viria…
Ficamos juntos, com o filho Guilherme que escreveu no celular, pois sua doença o impedia de falar, e ele se comunicava com mensagens:
“O pai ta sempre preparando uma surpresa!”
Após umas duas horas, tive que retornar para casa, pois a filha Cissa estava sozinha, e no outro dia, seis da manhã, eu tinha que estar no trabalho.
Despedi-me do Guilherme. Ao sair, a Cléa me acompanhou até a porta do hospital e carinhosamente agradeceu pela flor e a borboleta, mas muito mais, por eu ter me lembrado e ido ao hospital fazer a surpresa.
Abraço, beijo, e voltei para casa. Contente por ter visto e abraçado o filho Guilherme, e feliz por ela ter se sentido bem e gostado da surpresa.
Assim foram nossas Bodas de Prata. Aquela flor existe somente na lembrança, mas a borboleta de cristal estará conosco para sempre, como um mimo sagrado do momento em que um pequeno ato transformou-se em algo grandioso.
Um simples, mas sincero ato de amor.”
Faltam 31 dias
Faltam 31 dias para as eleições municipais. O voto é um ato bem simples e depois da era da urna eletrônica tornou-se ainda mais rápido votar. Porém nunca é demais lembrar que cada voto tem muito valor. Não, em termos monetários, mas pela importância do voto consciênte. Não ceda a enventuais pressões. Não negocie seu voto em troca de favores e benefícios momentâneos.