No mês de março do ano de 2011, perguntei a João Antonio Dib, um dos políticos mais conceituados, respeitados e de grandes serviços prestados à coletividade – ex-prefeito de Porto Alegre e com onze mandatos ininterruptos na Câmara de Vereadores – “Quando poderia estar pronto o metrô da Capital?” (do qual já se negociava a instalação). Numa espécie de “pinga-fogo”, Dib respondeu: “Com a amplitude que está sendo pensada, em 20 anos, no mínimo.” E arrematou: “De 20 a 30 anos”. Estranhei os prazos, a distância entre o mínimo e o máximo e perguntei:
– Por quê? – ao que Dib desfilou cerca de 10 motivos entre os quais citou os mais importantes: “Desapropriações,Verbas, Obras de Engenharia, além de razões menores mas igualmente fundamentais.”
Como a pergunta tinha a intenção de manter os porto-alegrenses e gaúchos em condições de programarem sua vida visando à Copa do mundo de 2014, e por acreditar que João Dib não modificaria uma previsão de prazos para bem mais ou bem menos, voltei ao assunto na Portal Mix algumas vezes, depois daquele dia, mas a verdade é que, quanto ao tema Qualidade e Disponibilidade no Transporte Público, não há nada de novidade que possa entusiasmar ou mesmo dar alguma ideia menos preocupante a quem gostaria de se fazer presente nos jogos pelo Mundial de 2014.
É verdade que, antes dos porto-alegrenses ou dos gaúchos em geral poderem andar pelo sistema venoso da Capital, partes importantes já foram ou estão sendo mexidas para permitir um melhor deslocamento de pessoas e veículos, do princípio ao fim de sua estada no RS.
Assim, já estão sendo tocadas as obras no viaduto da perimetral – à altura da Igreja São Jorge – uma forma de facilitar o acesso a RS-40 e Viamão, portas das praias do Litoral Norte, um dos problemas que ficou bem definido na temporada de veraneio 2012.
Porto Alegre está acabando de instalar a ligação da Linha do Trensurb ao Aeroporto Salgado Filho, uma forma de garantir a operação conjunta aero/ferroviária, o que há décadas não se tratava de forma tão objetiva, prática e rápida.
Nesse aspecto, cogita-se, com algum sinal de urgência, na construção de um Viaduto na Ramiro Barcellos, trecho de seu cruzamento que seria sob a Av. Independência, lateral à praça Júlio de Castilhos, um dos pontos de maior trânsito naquela região.
Com esta alteração, a ligação da área com o atual trajeto do metrô seria igualmente acelerada.
Voltando ao Aeromóvel: comenta-se existir uma linha a ser instalada no trecho Centro de Porto Alegre – Barra Shopping, via Borges de Medeiros, o que serviria para resolver alguns problemas, especialmente o criado por prédio com mais de 20 andares, cuja construção acaba de ser autorizada, nas cercanias do Barra Shopping.
Quem conhece o assunto, aposta que, com ele ,se daria uma forma do Aeromóvel justificar sua instalação no trajeto, o que serviria, também, à Copa do Mundo de 2014, com o Beira Rio já servido por um tipo de transporte que a cada dia mais se qualifica.
Depois de quase 200 anos (na realidade, 196) da visita de Saint Hilaire ao Rio Grande do Sul, o governo gaúcho poderia estudar, aproveitando a fase – a Comunicação do Interior do Estado com Porto Alegre, através de vários rios navegáveis, utilizando-se de um registro útil, mas que até hoje mereceu nenhuma atenção das autoridades.
Em seus 6 anos de Brasil (1816-1822), convidado por D. João VI – Saint-Hilaire percorreu 16.500 Km, distância equivalente à ida e volta Oiapoque-Chuí.
Entre outras referências, disse sobre Porto Alegre: “Situada à margem de uma Lagoa que se estende até o mar, podendo ao mesmo tempo comunicar-se com o interior por vários rios navegáveis – cuja foz fica diante de seu porto – a cidade de Porto Alegre deve, necessariamente, tornar-se em breve, rica e florescente”.
Na época da presença de Saint-Hilaire no RS e no Brasil, nosso estado tinha, citada pelo visitante, uma população de 10 a 12 mil almas.
Hoje, essa população multiplicou-se por mil e, de toda a viabilidade sugerida por Saint-Hilaire, apenas e timidamente, Porto Alegre decidiu-se pela ligação pluvial entre ela e Guaíba.
O que, espero, seja definido de forma mais ampla, possibilitando também o trajeto Zona Sul de Porto Alegre-Centro da Capital.
É o mínimo que se pode esperar de uma ideia tão fácil de ser analisada e ainda mais fácil de assimilar, para sempre.