Biodiesel continua sendo uma revolucionária alternativa para a produção de energia. Composto originado de gordura vegetal ou animal, encontra-se, por consequência, na natureza, daí o nome (biovida).
Por gordura vegetal entenda-se a que pode ser extraída da soja, da semente do girassol, da mamona, da castanha e do dendê. É bom incluir nesta relação, o buriti, uma espécie de palmeira típica brasileira, cujo fruto é rico em caroteno – pigmento vermelho dos vegetais – que pode transformar-se em vitamina A e de cujas folhas se extrai uma fibra com várias aplicações.
E nem pense em esquecer a canola, da qual se diz produzir, de óleo, o dobro que se consegue da soja.
Gordura animal é a que existe em quantidade, desperdiçada nos matadouros e no óleo vegetal, após utilizado em frituras.
Já se vê que matéria-prima existe em abundância, mas há certas condições que são essenciais para produzir biodiesel, em escala industrial.
A primeira é terra, que no RS ainda existe, em certa disponibilidade. A segunda é vocação agrícola, no nosso caso, uma espécie de cartão de apresentação do próprio estado. A terceira condição é a perspectiva de mercado, aliás, verdadeira alavanca de tudo o que hoje se faz pensando em biodiesel.
Ocorre que, por Lei, a partir de 2008, ao diesel comum foram adicionados 2% de biodiesel, percentual que, em 2013, passará para 5%. Com isso, nos próximos dois anos, a demanda de biodiesel será multiplicada por 12, passando de 70 milhões de litros para mais de 800 milhões.
É fácil entender que, num futuro bem próximo, os números do biodiesel serão calculados em bilhões de litros, ou milhões de barris. Para agilizar as condições, que já existem ou estão sendo providenciadas, há uma evidente relação de vantagens do biodiesel.
Para começar, a multiplicação de empregos, que vem se somar à fase atual do país, onde em muitas regiões, o que falta é mão-de-obra especializada, pois sobram ofertas de emprego.
A segunda vantagem é o amparo e fortalecimento da agricultura familiar, uma vez que boa parte da matéria-prima pode ser cultivada em pequenas propriedades.
A terceira é que, além do fumo, cultivo que há quase um século desenvolveu um sistema compensador para quem planta, nenhuma produção agrícola no país tem compra garantida. O biodiesel fornecerá essa garantia, graças à demanda, que se apresenta logo ali, várias vezes maior que a atual.
A quarta vantagem do biodiesel é diminuir a dependência do petróleo. Mesmo com o Brasil já auto-suficiente, uma redução do consumo interno em 5%, nos próximos sete anos, significará uma queda substancial na dívida externa, desde que a balança comercial continue apresentando as mesmas tendências na relação com a maioria dos países.
A quinta vantagem também é significativa. O Brasil tem, hoje, uma fatia de 1% das exportações mundiais. O ingresso do álcool e do biodiesel na nossa carteira de produtos exportáveis e o fato destes produtos dependerem de grandes áreas para sua produção e exploração, já conferem ao Brasil – por sua extensão territorial (5ª do mundo) – uma posição diferenciada.
A soma de tudo o que está acontecendo na agroindústria, especialmente no RS, mostra que há motivos para sonhar com patamares bem mais ousados, para os anos que estão a caminho, com previsões recordes de produção.
É acreditar, trabalhar e constatar que o futuro é uma realidade cada vez mais próxima.