A grande aula que nós brasileiros recebemos sobre essa matéria, a cada dois anos, em todo o país, está disponível sempre no último trimestre dos anos pares, com professores e alunos insuspeitos: os próprios candidatos e seus eleitores. Cada eleição, seja ela para Presidente e Legisladores Estaduais e Federais, seja para prefeito e vereadores em mais de 5.600 municípios do país, constitui-se em rara oportunidade de avaliar o comportamento de mestres e alunos nas matérias de Educação Política e Social, temas de grande importância e diversas formas de aprendizagem, inclusive quanto ao direito de votar e ser votado.
Esta última matéria, aliás, por conter contradições e ditames recentemente adicionados aos procedimentos gerais, tem servido de modelo para que todos possamos acompanhar seu andamento e dificuldades, até chegarmos ao estabelecimento de um critério capaz de nortear comportamentos apropriados, comuns à maioria.
Desta matéria – direito de votar e ser votado – a temática específica denominada Ficha Limpa é a principal causa de atrito entre as recomendações legais e regimentais, prova é que existem questões ainda pendentes, de prefeitos que eleitos foram – e que, na prática, não poderiam ter concorrido- e a dos que não puderam concorrer e obedeceram à determinação, mas que, em paralelo, acompanharam o processo do qual até agora, aguardam uma solução capaz de validar suas próximas atitudes. Até porque, alguns deles eleitos foram e, neste caso, aguardam o final do julgamento para decidir sobre seu futuro, político ou não.
Ainda sobre Educação Política e Social : entendo que há, atualmente no Brasil, duas eleições dentro de cada uma delas- tanto as de prefeitos quanto às de Presidente- sendo esta última a de maior impacto, contra a eleição que deveria ser única, mas não é.
O que quero dizer com isso ?
Pois bem: digamos que seu partido, por você escolhido e sacramentado, apontou o caminho natural para suas decisões quanto ao voto, decisões estas que, como integrante do partido, você deverá seguir.
Vamos admitir que- igual ao ocorrido dois anos atrás- o seu partido, mesmo depois de ter formatado suas orientações comportamentais, tenha aceitado uma nova proposta do governo e isso fez quem era contra a atitude de apoio ter passado à ser favorável, o que tornou seu voto contrário em favorável e você, que era partidário do não, transformado em soldado do sim.
A isso chamo de 2ª eleição, o que nada mais é do que uma antidemocracia, ainda que em país democrático e segue, em algumas práticas, tudo o que seria recomendável para quem anseia por uma Democracia mais sólida e menos volúvel, digamos.
Desta forma, penso que uma simples cláusula a ser inserida no Regulamento da Educação Política e Social bastaria para tornar o céu carregado de nuvens claras, ventos amigos e chuvas calmas, daquelas que só caem atendendo a pedidos. A claúsula seria simples: fica estabelecido que toda e qualquer parceria será sempre decidida uma única vez por eleição, sendo comunicada com um prazo que permita discutir sua viabilidade ou não, de forma a garantir a vontade dos integrantes do partido, se a maioria assim o permitir.
É claro que, do tempo concedido para o estudo desta aprovação, constará a defesa a ser feita pelo governo, no caso de ser dele o convite para que o partido mude de feição, digamos assim.
A mim faz muito mal saber de parcerias que mexem com milhares, decididas por 5 ou 10, no máximo.
Uma democracia deve tratar do Governo do Povo, pelo povo e para o povo. Sem isso, seu papel será o de brincar de representar o povo, o que, por esta cláusula passará a ser crime de lesa-direito, se é que me entendem.