Na quarta-feira desta semana, completou um mês do trágico falecimento de Ronaldo Cezar de Almeida, em Tamanduá, interior de Marques de Souza. Ontem, também completou um mês do silêncio perante as diversas indagações em relação à omissão de socorro. Diante da situação, só podemos citar o pensador Publílio Siro: “Calando-te sempre, darás lugar à injustiça”.
O Vale do Taquari também tem suas “Jaquiranas?”
Opinião de Clei Moraes, na Zero Hora na edição de quinta-feira:
“Não se passou uma semana do final das eleições e o Rio Grande do Sul é manchete nacional. Não pelo exercício pleno da democracia, a exemplo do segundo turno em Pelotas e em outras cidades brasileiras, mas pela barbárie eleitoral no município de Jaquirana. Essa é a primeira eleição em que, de fato, duas das mais expressivas leis no combate à corrupção estiveram presentes no período eleitoral: a Lei da Ficha Limpa e a Lei de Acesso à Informação. . . Nossa frágil e engatinhante democracia deu mais um passo, votamos (na teoria) de maneira mais consciente e sabedores de nossas responsabilidades no uso do voto. Certo? Não, errado! Não no município de Jaquirana. A operação Democracia Plena, da Polícia Civil, jogou no ventilador o pior dos comércios: o eleitoral, com compra e venda de votos. Foram presos políticos que se valeram do uso de recursos públicos, favores e dinheiro de origem desconhecida na literal aquisição de votos. Com a prisão de candidatos eleitos, que em gravações vangloriaram-se absurdamente por terem pago R$ 12 por um voto, a democracia tropeça e o corruptor passa a ser o eleitor que negociou seu voto abertamente, em troca de uma máquina de lavar, por exemplo. Há outros casos que se espalham pelo Rio Grande do Sul e pelo Brasil. É inadmissível que se permita qualquer vista grossa. Acima de tudo, deve prevalecer a regra democrática, e não a exceção daquele que a transformam em vantagem e em corrupção. O lamaçal envolve políticos em todos os níveis, e a chafurda é ainda mais nefasta, pois o mal pior está além dos partidos. Nessa vara de porcos, o principal procriador foi o eleitor. Fica a pergunta: quantos desses eleitores corruptores serão presos? E este colunista questiono mais uma vez: O Vale do Taquari também tem suas “Jaquiranas?”