No momento em que se tomou conhecimento de negociações entre os governos russo e brasileiro, envolvendo produtos agrícolas, no caso, a compra de trigo e a venda de farelo de soja, logo lembrei da “pendenga” de quase dois anos, quando os soviéticos tomaram uma medida drástica de impor embargos às carnes suína, frango e bovina aqui produzidas.
A primeira compreensão da notícia foi mudando na medida em que ela passaria a ser ampliada, com a informação de que nos acordos negociais entrariam outros produtos. E de parte do Brasil, a inclusão de variedades de carnes seria uma espécie de condição para o fechamento de tratativas mais abrangentes.
Desde a vigência das restrições à compra dos nossos produtos agropecuários, em 2011, sempre se cobrava uma atitude vigorosa do governo brasileiro, quando fosse envolver assuntos de interesses “deles”.
E parece que agora chegou uma oportunidade esperada, acreditando-se que os nossos representantes, nas negociações, saibam valer-se da força de um grande país produtor e dos argumentos da qualificação de nossos produtos, para o estabelecimento de condições em parâmetros justos.
É inegável que uma boa relação comercial, a ser fortalecida com esse grande país consumidor de alimentos, proporciona benefícios e consequências significativas. O Rio Grande do Sul e especialmente a nossa região do Alto Taquari, um reconhecido polo produtor de alimentos, passa a usufruir de uma expectativa muito boa, sobretudo, nas atividades de produção de carne suína e de frango, itens pautados nas negociações em andamento.
Apenas para reforçar a base de um comentário feito há algumas semanas, neste mesmo espaço, registra-se um início de um bom momento para a recuperação da suinocultura, considerando a reação substancial dos preços praticados a nível de criador.
Também a cadeia produtiva do frango de corte acena para uma melhoria, a curto espaço de tempo. Já ocorre, inclusive, segundo comentários, a procura de produtores interessados em ingressar na atividade, bem como alguns que a abandonaram em épocas passadas e que estariam propensos a retornar à profissão.
Passado, agora, o período de festas, férias, a rotina volta e a população retoma os seus hábitos, inclusive, os de consumo. E considerando que o poder de compra vem melhorando, gradativamente, a onda de consumo, incluindo alimentos, cresce na mesma proporção, o que significa que precisamos produzir sempre mais para atender à demanda.
Ano agrícola excepcional Os dois meses iniciais deste ano mostram-se incomuns, no aspecto de clima e condições para o desenvolvimento de atividades na produção agropecuária. O volume de chuvas é “excepcional”, se comparado com os últimos anos e a nossa região só tem a comemorar os bons resultados das culturas, milho, soja, etc, mas, especialmente, a ausência de preocupação com escassez de água.
Em outras regiões a normalidade de ocorrências de chuvas não é a mesma da registrada aqui, mas mesmo assim o cenário mudou no início desta semana, quando a região produtora de soja teve precipitações consideráveis.
A motivação e o otimismo são fatores fundamentais para quem lida com atividades “inseguras”, como historicamente tem sido a nossa produção primária.