A vida do senador Renan Calheiros se ajeitou melhor a partir da posse como presidente do Senado Federal. Desde
o início deste mês de fevereiro, passou a ter direito a morar numa mansão com piscina, carro com motorista (grátis
gasolina sem limite), segurança para todos os seus movimentos e viagens (grátis e igualmente sem limites de passagens). Além dos costumeiros 15 salários por ano, claro. Mais uma coisa. Tem um mordomo à disposição.
Um mordomo, sim senhor. E eu aqui nem sabendo que os mordomos se contavam entre as necessidades de um homem público…
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Quase em extinção na Inglaterra, onde ficaram famosos pela elegância e discrição, os mordomos continuam sendo
formados por renomadas escolas britânicas, agora, principalmente para serem exportados. Segundo a Associação
Internacional dos Mordomos, em 1930, havia cerca 30 mil profissionais sindicalizados. Hoje, há 10 mil mordomos no
Reino Unido, a maioria prestes a emigrar. Na China podem ganhar uns 20 mil reais por mês. Os países árabes chegam
a pagar até dez vezes mais.
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Tradicionalmente, a função de um mordomo é ajudar a administrar a casa. O mordomo é o chefe dos empregados. Tem de morar no mesmo endereço em que trabalha, para melhor cumprir com suas funções (morar na mansão do presidente do Senado não parece ser um sacrifício demasiado). Se for para seguir uma das principais regras da escola inglesa, o mordomo deve: “ajudar, sem nunca ser amigo”. O mordomo apenas serve. Ele não vê, não ouve, não opina, não sabe de nada.
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Não sei se o mordomo do presidente do Senado tem formação inglesa. Mas com certeza pode ser útil seguir os preceitos da escola. É prudente fechar o bico, não saber nada de nada. Além de isso ser moda na capital desta República, já tem salvado a pele de peixe muito mais graúdo do que um mordomo simplesmente.