Entre as afirmações do papa no seu discurso de renúncia, ele destaca que tomou a decisão de forma livre e pelo bem da Igreja e que orou a Deus e examinou sua consciência para tomar a decisão. Ao valorizar a sua própria consciência o Papa Bento XVI agiu como verdadeiro líder religioso, ciente dos grandes desafios da Igreja Católica olhando para suas próprias
capacidades e limitações. Foi corajoso e humilde dando exemplo para os cristãos que devemos exercitar permanentemente
nossa consciência e responsabilidade sobre o que é certo e errado, para o nosso bem e da coletividade. A consciência
é ao mesmo tempo racional, uma conexão com o nosso intelecto, que nos une à ciência, à tecnologia, por exemplo, mas também à nossa alma ou espírito que nos limitam aos mistérios da fé em um Criador Superior.
Pedágios e estradas
Antes de começar a operar o novo modelo de pedágios proposto pelo governo estadual, o caos nas estradas já é previsível a observar os números que estão sendo anunciados. É o velho discurso político que não é coerente com a prática e que prioriza interesses eleitorais.
Vidas Vazias
O verdadeiro sabor da vida não passa pelas tecnologias. Por quê? Porque as tecnologias não têm corpo nem coração, não
abraçam nem sentem, não choram nem riem, não têm alma, não tem Vida. E a designação mais apropriada para as modernas e
sempre novas Tecnologias da Informação (TIs) é ferramenta. Sim, são ferramentas. Úteis, sem dúvida, quase necessárias no viver e atuar atuais. Imprescindíveis? Até certo ponto ou dependendo de quem as utiliza. Uma das coisas e atitudes mais difíceis deste nosso tempo é saber relativizar o uso das tecnologias, colocando-as no seu lugar de servidoras das nossas relações e de nossas atividades, nunca donas ou dominadoras. Não é exagero dizer que sempre mais pessoas estão cada dia mais tecnodependentes.
A tecnodependência se inscreve, hoje, no amplo quadro da drogadicção moderna. Desde a já quase “domesticada” e inculturada televisão, as atuais TIs incluem, no seu crescente e sempre mais sofisticado mundo de inovações, exigindo uma constante substituição, smartfones, PDAs, celulares, leitores de mp3, livros eletrônicos, tablets (prancheta eletrônica), note e net books etc…
A tecnodependência atinge todas as idades, não apenas as gerações mais jovens. Há estudos que afirmam que crianças e
jovens são até mais imunes a esta dependência do que as gerações anteriores, de 40 anos ou mais. Para as gerações “maduras” há o componente do fascínio diante destas tecnologias e as quase infinitas possibilidades que abrem, o que não seria o caso das novas gerações, que já nascem na era tecnológica.
Não vamos fazer a clássica pergunta: “Aonde vamos parar!?” Nossa pergunta é outra: até que ponto as novas tecnologias ajudam ao ser humano a ser mais humano ou conservar sua “humanidade”? Não seriam elas parte de uma ansiosa e compulsiva busca de felicidade e preenchimento de vidas vazias de sentido, do tédio existencial, identificado pelo jesuíta Teilhard de Chardin como inimigo número um do verdadeiro humanismo? O que é facilmente verificável é a crescente impossibilidade do convívio real entre as pessoas, até e, paradoxalmente, entre as pessoas que nos são mais próximas, na família, na comunidade social e religiosa.
Ilhas que somos cercados de tecnologias de informação e comunicação por todos os lados, é urgente reaprendermos a
saborear a vida, recuperando os pequenos e simples gestos cotidianos de afago, de bem-querer, de rir e chorar, de emocionar-nos, de ir até a esquina puxar um papo com os vizinhos, de convidar e atender um convite para um “chá de fraldas”, um aniversário, uma roda de mate, uma visita a um conhecido enfermo, a levar solidariedade à família de um amigo que partiu… Numa palavra, saborear a vida com tudo o que ela tem e traz
Porque isso é viver, isso é ser humano, isso é ser gente. (Attilio Hartmann, sj).