Na teoria, o ditado acima está correto, mas a prática ensina submetê-lo a um demorado exame Semântico (Semântica – ciência que estuda o significado das palavras) para evitar erros ao utilizá-las. A cada ano que passa, a palavra Sonho tem tudo a ver com aquilo que todos desejam para o futuro : a realização de uma ideia acalentada que, de tão extraordinária “parece mais um Sonho do que mesmo uma associação de imagens desconexas que se formam no espírito das pessoas, enquanto dormem”.
No comparativo, escuta-se, com frequência, “sonhei que estava viajando para um lugar que não conheço ou conversando com pessoas que há muito tempo não vejo e nem gostaria de vê-las”; já qualquer ideia ou desejo que se queira realizar são também Sonhos, sempre presentes nas pessoas que os desenvolvem e pretendem alcançá-los em um futuro bem próximo, na maioria dos casos.
Para esta segunda categoria existem vários ditados, dos quais o título desta crônica é um; outros, abrem as portas para diversas verdades, entre elas “Quem desiste de seus Sonhos dificilmente conhecerá a vitória” ou ainda “Quem se afasta de seus Sonhos está desistindo de viver”.
Os Sonhos que criamos quando acordados e deles produzimos ideias apaixonantes, estes os verdadeiros e, até pela razão Semântica, os menos propensos aos pesadelos; os sonhos opressores e causadores de desagrados, normalmente os que sonhamos ao longo de noites mal-dormidas, estes os que quando estamos dormindo, nos trazem dificuldades até para respirar.
Nos dois casos – dormindo ou acordados – os Sonhos em que nos são atribuídas boas ações, iniciativas, projetos, realizações, obras e vitórias, estes são os selecionados e, também por isso, verdadeiros; os outros, são os sonhos menores, que admitem, sem qualquer contenção ou seleção, os pesadelos e maus resultados em qualquer ação ou iniciativa.
Os Sonhos mais importantes, porém, garanto que são exatamente estes, que estou grifando com S maiúsculo, mas aponto a possibilidade de eles nos”presentearem” com um mau final, vezes sem conta.
São os Sonhos que sonhamos acordados e que inúmeras vezes tratamos como “pequenas ideias ou sugestões”, quando deveríamos alçá-los imediatamente ao pódio (muro que circundava a arena dos anfiteatros na antiguidade, uma espécie de plataforma onde se colocavam os vencedores das competições esportivas).
Por que escrevo uma crônica sobre Sonhos e sonhos ?
Por estar bem próximo aos 70 anos de idade e, ao mesmo tempo, ver, analisar e lamentar erros cometidos por pessoa que tiveram Sonhos fantásticos e ideias monumentais, os quais, em algum momento, receberam tratamento de simples sonhos, letra minúscula e sem qualquer destaque, seja pela falta de convicção dos sonhadores, seja ainda por sua própria inércia, ou ainda pior, pela preguiça de dar trabalho ao seu cérebro, em benefício do corpo todo e da qualidade de uma vida que poderia ser bem melhor vivida.
O Brasil, amigos leitores, é uma espécie de arena, daquelas que com muita assiduidade nos convidam a ocupar seu pódio para exibir-nos à primeira sensação de vitória.
Ou, devo dizer, à primeira tentação que nos permitiu o gosto da vitória?
Minha experiência de vida me obriga a sugerir-lhes uma espécie de imunidade contra as vitórias mentirosas, as que no seu pódio apresentam ganhadores de pequenas rusgas sem ao menos passarem pela seleção das contendas mais desafiadoras e, assim, constituem-se em vencedores dos testes menos exigentes.
Acima de tudo, nunca aceitem que os bons Sonhos os peguem na hora do sono. Quando eles chegarem, recebam-nos acordados. Desta forma, é quase impossível ter pesadelos.