Jamais duvidei do que um dia li, lá pelos idos de 1960, quando aos 17 anos folhei uma revista católica e lá estava: “O Papa é uma pessoa eleita pelos Cardeais mas é escolhida por Deus.”
Confesso que levei um bom tempo para entender. Lembro que, na época, a tradução ficou mais ou menos assim: “Os Cardeais votam, mas em sua conversa com Deus acabam por receber, do Próprio, a sugestão Sapiente” (Sábia, em italiano).
Jorge Mário Bergoglio, escolhido Papa este ano, após o pedido de afastamento de Bento XVI deixa bem claro ser mais do que um eleito por sugestão Divina, mas selecionado por Deus, sem a mínima dúvida. Nascido em Buenos Aires, no Distrito Federal argentino, que incorporava o bairro de Almagro, a 28 de setembro de 1936, Bergoglio surpreendeu a todos os jornalistas que fizeram a cobertura do Conclave convocado para a eleição, após a qual conheceu-se a sua respeitável coleção de títulos honoríficos (que conferem honrarias):
– 266º Papa da Igreja Católica, novo Chefe de Estado do Vaticano;
– 1º Papa nascido no Continente Americano;
– 1º Pontífice não Europeu nascido nos últimos 1.200 anos;
– 1º Papa Jesuíta, por origem;
– 1º Papa Franciscano, por escolha.
O sobrenome Bergoglio é italiano, o que indica a origem de Jorge Mário, nascido em uma família de imigrantes, de classe média.
As zonas leste e norte de Almagro, hoje com 140 mil habitantes, pertenciam ao espanhol Juan Maria de Almagro, de quem o governo revolucionário confiscou as terras, que só foram devolvidas em 1820, vários anos depois.
Em 1880, ocorreu a incorporação do bairro de Almagro ao Distrito Federal, já na época com uma grande população especialmente basca, imigrantes de 7 províncias da Espanha, 3 da França e um alto número de italianos.
Em 1930, Carlos Gardel gravaria o tango Almagro, que ao final desta, será mostrado em um aspecto especial.
Em 1936, como já frisei acima, nasceria Mário Jorge Bergoglio, um ano após a morte de Carlos Gardel, a época uma espécie de Roberto Carlos da música argentina, que com o tango havia promovido o país e sua música no mundo inteiro.
Aos 11 anos de idade, Jorge Mário tornou-se torcedor do San Lorenzo de Almagro, clube no qual seu pai, ferroviário, jogava basquete. Era 1947 e o San Lorenzo figurava entre os 5 maiores times do futebol argentino.
Entre as façanhas do San Lorenzo de Alamagro, na época, encontra-se sua excursão pela Europa. Campeão Argentino de 1946, o San Lorenzo ganhou da Espanha por 6 a 1 e, em Portugal, venceu a Seleção Lusa por 10 a 4, o que foi fatal para garantir um grande torcedor: o futuro papa Jorge Mário Bergoglio, que assim permanece até hoje.
Estou trabalhando com a ideia de valorizar o amor do papa ao San Lorenzo, por haver acompanhado um bom número de entrevistas dele, todas citando o clube do seu coração.
As cores do San Lorenzo parecem ter sido escolhidas para garantir a torcida de Inter e Grêmio, aqui no sul:azul, branco e vermelho, ou seja, distribuiu-se entre os dois grandes do sul-brasileiro.
Volto ao Jorge Mário Bergoglio, para tratar do San Lorenzo de Almagro, gravado e tornado um dos sucessos de Gardel.
Na letra desta música feita em homenagem a Almagro, há frases que parecem ter sido escritas para descrever Mário Bergoglio:
Como recuerdo, barrio querido,
aquellos tiempos de mi niñez.
Eres el sítio donde he nasido,
y eres la cuna(berço, pátria)de mi honradez.
Almagro, Almagro de mi vida,
tu fuiste el alma de mis sueños !
Cuantas noches de luna y de fe
a tu amparo no supe querer.
Almagro, dulce hogar (lugar),
te dejo el corazón,
como un recuerdo
de mi pasión.
O Papa Francisco já é ídolo no Brasil e mostrou um pouco de tudo o que precisa ser para liderar um desafio como a Igreja Católica Brasileira.
Com seu jeito simples, amigável e focado no futuro dos jovens, o papa trouxe-nos de volta o clima de amizade e esperança que já estava nos deixando.
Volte sempre, Francisco. O Brasil sentiu-se orgulhoso com sua visita e seus ensinamentos.