No ano de 1970, o Brasil decidiu-se por adotar um mar territorial mais extenso, já que na época não vigorava qualquer norma internacional sobre a matéria.
O governo Medici decidiu-se por adotar um mar territorial mais extenso, defendendo-o com um pronunciamento aceito em todos os recantos da Terra, inclusive na ONU: “O país costeiro é livre para determinar a própria largura de sua fronteira marítima”.
A verdade é que chegar ao ponto em que o Brasil se encontra hoje, no petróleo, levou décadas de pesquisas, estudos, investimentos exploratórios, formação de técnicos especializados nas novas condições, criação de tecnologia e equipamentos específicos.
Essas condições, aliás, deram ao nosso país a liderança mundial na exploração do “ouro negro” nas profundezas oceânicas.
Nas páginas anteriores sobre o Pré-Sal, escrevi que descobrimos, ao mesmo tempo, uma riquíssima província de petróleo (160.000 km²), capaz de colocar-nos entre as maiores reservas do mundo, mas também encontramos uma fonte de conflitos, pela importância do produto como maior gerador de energia do planeta, em consumo crescente e já superior à produção mundial.
As primeiras licitações, já autorizadas e em andamento, acabarão com uma situação de angustiante espera, condição essa que, no momento, já envolve a própria Petrobrás, o Brasil inteiro e também os manifestantes na fila pelo leilão, talvez até salvador.
Por enquanto, por uma reserva de quase 15 bilhões de barris (específicos do Campo de Libra), já estão na torcida China, Espanha, França, Holanda, Índia, Inglaterra, Japão, Portugal, além de outros menores, mas todos reconhecidamente necessitados.
Não é para menos: além do petróleo ser uma fonte esgotável de energia, a grande maioria dos países industrializados tem excessiva dependência de importações e, nesses países, o petróleo é a origem de mais de 50% da energia consumida.
Outro detalhe, significativamente poderoso, é que a “próxima safra” talvez aconteça em vindouros 10 milhões de anos, e “é possível” que a maioria dos investidores e necessitados do produto em pauta, talvez não possa retornar no tempo necessário.
Há poucas alternativas para a substituição do petróleo. O gás natural é uma delas, ainda que por pouco tempo. O preço do petróleo é crescente, mas a posse de reservas desse produto – que é o caso do Brasil – implica riscos e potenciais conflitos.
Uma das referências mais expressivas do chamado “ouro negro” é sua melhor justificativa para custar caro: “para cada barril que se descobre, quatro são consumidos”.
Assim, entre carências e expectativas, leilões e possíveis contatos milagreiros, a verdade é que o controle de boa parte desta importante fonte de energia pertence hoje à Petrobras, e ao fato de que extrações a mais de 4 km de profundidade, localização a 5 km abaixo da linha d’água e capacidade de extração a profundidades ainda maiores, só mesmo no Brasil.
Pelo que, os leilões – que são garantidos, corretos e valem o preço altíssimo que é cobrado, estão sendo ansiosamente esperados por todos os que mexem com o assunto petróleo. Que, parece, formam a maioria dos países do mundo.
Sorte do Brasil, que durante muito tempo padeceu na mão de alguns deles.
Como diria o meu amigo Mendes Ribeiro (pai): “Deus não joga mas fiscaliza”!