Ao meu redor, dezenas de jornais dos últimos dias, revistas, fotos e cadernos especiais dão conta de um mundo trágico, um pouco menos que o de quatro anos atrás, mas trágico.
Casas que desapareceram ou foram demolidas num passe de mágica, famílias sacrificadas por toneladas de barro e pedra, comoventes exemplos de solidariedade e presença da esperança onde tudo parece perdido.
As cidades construídas em áreas de risco não deveriam ter um órgão específico de controle e serviço, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, Saúde Pública, Segurança, Casa Civil, sei lá?
Um serviço que tivesse as informações e a força para evitar que famílias construíssem suas casas em regiões de periculosidade acentuada, especialmente barrancos capazes de ceder com a água de muita chuva, quem sabe até prever o risco de inundações iminentes, como ocorreu?
Como antever catástrofes nos locais onde a terra se moveu como se fosse geleia, em alguns lugares formada pelo excesso da pressão da água, a ponto de tornar-se incapaz de segurar rochas de duas,três ou mais toneladas nas regiões onde devem existir centenas delas?
Os programas de televisão do mundo inteiro, mostram que o planeta se encontra em meio a um desfile de ocorrências como essas, registradas graças aos comportamentos da terra, do ar e do mar, completamente inesperados e de grandeza jamais vista.
Não será este tipo de tragédia que o “tsunami” do solo novo da América do Sul (comparado aos demais) está reservando a ainda mais moradores deste lado do mundo?
Milhares de casas destruídas, um número incontável de famílias que perderam tudo – boa parte delas até a esperança – não merecerá este recado da natureza um posicionamento à altura, de todos nós ?
Representados por nossos governos, claro, até porque a agressão do solo, pode ter sido uma resposta ao nosso permanente comportamento de desafio à natureza e ao meio ambiente .
Como encarar seriamente o que aí está?
Pode-se dizer que a luta é gigantesca, mas combates deste tipo requerem esforços, antecipação e “armamentos” igualmente dotados de força e assiduidade.
Os resultados contrários à felicidade e harmonia de grande parte das regiões, mostram que há centenas, milhares de pessoas sem teto, com perdas totais ou quase de suas casas, digamos que dezenas,talvez centenas de pessoas feridas ou mortas, em nome de que?
De um simples rio que saiu do leito por puro capricho?
A maioria de nós sente a dor como se fosse familiar das centenas de pessoas que perderam tudo, ou feridas, ou quem sabe, mortas.
É fácil palpitar quando se está fora das ameaças da natureza, mas não é demais sugerir que das nossas reservas de petróleo possa ser retirada uma participação já definida a ser movimentada em benefício dos que estão em sérios apuros ou com dificuldades de preservar a sua segurança e a dos seus?
O certo, agora, é que não façamos de conta que o assunto não é conosco, como já estamos fazendo com a Amazônia, com o desmatamento, com os rios que estão secando, com o aumento da temperatura do planeta e com as espécies de animais em extinção.
É bom tentarmos nos entender com a natureza. É dela que podem partir os resultados dos movimentos públicos, integrados também por nós, por que não?