Oito de julho de 2014. A data vai ficar na história como a da maior derrota de uma seleção campeã mundial. A humilhante derrota de 7×1 para a Alemanha no jogo decisivo das semifinais da Copa do Mundo em Belo Horizonte, deverá ser assunto por décadas. Num curto espaço de tempo os que estão mais diretamente ligados ao futebol brasileiro buscarão explicações, mas de uma maneira mais ampla, o Brasil precisa ir além da simples equação de resumir o sucesso e o fracasso em apenas quatro linhas, com um esquema de jogo, uma equipe de jogadores e uma comissão técnica.
O futebol é um esporte sério e está se tornando cada vez mais complexo e profissional. É por isso que tem valor no mercado. Não se resume apenas a um talento, um jeito de jogar que fica fácil de copiar com a facilidade midiática. Como tudo na vida, para chegar a uma posição privilegiada é preciso se preparar, se dedicar. É preciso muita disciplina e foco permanente. Estudo. Treinamento. Planejamento de curto e longo prazo, estratégia (s) capazes de surpreender o adversário o que implica em conhecê-lo muito bem. Ter uma motivação pessoal muito grande, que independe do apoio alheio. É um esporte que não depende apenas de capacidade e talento físico dos seus atletas, mas também de uma estupenda capacidade mental que passa pela inteligência lógica e matemática, pelo equilíbrio emocional, mas também pelo caráter pessoal dos jogadores e de uma equipe técnica ou treinador que os lidera.
Aprendemos muito
Durante este um mês de Copa do Mundo no Brasil que foi um sucesso de público, de apresentações, de convergência de culturas, aprendemos muito. Aprendemos em todos os sentidos de uma forma lúdica. O que é interessante para o nosso tipo de cultura. Acredito que vamos aprender também com esta derrota, o que será um salto e saldo positivo para os próximos anos. Não posso imaginar que seja diferente. Não vamos aprender apenas em termos de futebol, mas também em como se preparar melhor para a vida.
Voltando ao futebol, durante o período da Copa, escutamos a opinião de jogadores vencedores, técnicos, jornalistas esportivos. Não só do Brasil, mas também de outros países. Em relação à derrota brasileira, selecionamos algumas justificativas que foram dadas por gente que vive no meio:
O futebol no Brasil precisa passar por uma reestruturação total. Deve investir mais na formação de base.
O Brasil nos quatro dias antes do jogo fatídico se focou excessivamente no Neymar.
O técnico Felipe Scolari errou na escalação da Seleção e está superado diante das exigências e nível mundial de outras seleções.
Houve excesso ou falta de confiança da equipe, o que é gerado pela falta de preparo para uma partida desta grandiosidade.
Ainda vivemos no futebol como em muitas outras áreas a cultura do imediatismo, do jeitinho, do romantismo.
Colocamos as nossas esperanças em cima de ídolos e “ salvadores da pátria”.
Criamos e vendemos ídolos por interesses que às vezes são meramente mercadológicos.
Vida que segue
Uma das frases mais ouvidas pelos jogadores na saída do campo, depois da derrota é que a vida continua e segue. É isto mesmo. Como segue para milhões de brasileiros que viveram um mês meio folgado, de olho neste espetáculo que foi a Copa e torcendo para a Seleção “ uma paixão nacional”.
A vida segue e deve ser encarada com realismo. Com alegria. Com entusiasmo. Com esforço e muito trabalho. Porque nada “ cai do céu”. Não existem milagres. E neste período em que a campanha política começa para valer é bom ficar atento, para não se deixar envolver por promessas eleitoreiras.
Diante da frustração não adianta cair na prostração, nem na revolta ou partir para a violência prejudicando os outros. Vamos enfrentar a realidade com a cabeça erguida. Com amor e muito trabalho.