Joaquim José da Silva Xavier nasceu no Sítio do Pombal, perto da Vila de São José del Rey, atual cidade de Tiradentes, na época pertencente à Vila de São João Del Rey. Tudo isso fazia parte da Comarca do Rio das Mortes, em Minas Gerais. O ano, 1746.
Órfão de pai e mãe desde os 10 anos de idade, foi educado pelos padrinhos, os portugueses Domingos da Silva dos Santos e sua mulher D. Antônia da Encarnação Xavier.
Domingos era cirurgião e foi quem ensinou a Joaquim José a arte de arrancar dentes – que mais tarde exercida – juntamente com a atividade de enfermeiro. Daí o apelido, Tiradentes.
De inteligência viva e de espírito prático, Joaquim José arriscou várias atividades mas se deu melhor na carreira militar, quando ingressou na 6ª Cia do Regimento de Cavalaria de Minas, chegando ao posto de Alferes, hoje equivalente ao de Aspirante.
Enquanto ele buscava crescer profissionalmente, com a participação da família, o Brasil – especialmente Minas Gerais – sofria uma espoliação desmedida, de parte dos portugueses.
Aliás, trinta e três anos antes do nascimento de Tiradentes (1713), graças à fama das riquezas minerais existentes na Província , ficara convencionada uma quota anual de 30 arrobas de ouro (450 kg) para a Fazenda Real, quota esta arrecadada pelas Câmaras Municipais da Região Mineira.
Como a extração de ouro e diamantes crescia a cada ano, instalaram-se Casas de Fundição, onde o ouro, depois de fundido, seria reduzido a barras, separando-se então o imposto devido.
Em 1735, veio uma nova alteração e foi criado um sistema chamado Capitação (com i mesmo), que mandava o pagamento ser feito de acordo com o número de escravos que cada minerador possuísse, além dos tributos que, só para citar alguns, eram direitos de entradas, quintos, dízimos, passagens de rios, subsídios literários e até uma Loteria Obrigatória, criada pelo Governador de Minas, Luis da Cunha Menezes, com a finalidade de construir o Cadeião da Província, hoje, Museu da Independência.
Tudo foi funcionando à base de um tremendo arrocho, até que no ano de 1755 (Tiradentes estava com 9 anos), um dos maiores terremotos que o mundo já sofreu abateu-se sobre Lisboa, a dez mil quilômetros de Minas onde, literalmente, não ficou pedra sobre pedra.
O Rei D.João V, conhecido como “O Magnânimo”, exatamente pelos presentes que vivia distribuindo na Europa, graças às toneladas de ouro e joias que recebia de Minas Gerais, decidiu que o reerguimento de Lisboa se daria, em grande parte, pelo esforço do povo de Minas.
É preciso dizer que, graças a este mesmo povo, Portugal já havia construído, em Lisboa, o Aqueduto das Águas Livres, o Palácio de Mafra, incluindo o Convento e a Basílica, a canalização do Tejo, a Casa da Moeda- além de outras obras, todas imponentes.
Estabeleceu-se que o Brasil (Minas), passaria a pagar um imposto de 100 arrobas anuais de ouro (uma tonelada e meia), reforçada “ocasionalmente” com a destruição provocada pelo terremoto.
Esta, seria enfrentada com um imposto extraordinário, chamado Subsídio Voluntário. Lembram-se da CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, na qual o “P” de provisória virou o “P” de permanente? Pois é.
Foi no meio desse despropósito todo, que Tiradentes saiu a fazer suas pregações revolucionárias, as quais se destacavam por dois fatos, um deles altamente negativo.
Tiradentes, que em suas idas e vindas acabou morando no Rio de Janeiro, era bem recebido em todos os ambientes e, em cada um deles, plantava a semente da revolta. O lado ruim, é que ele não tinha o mínimo cuidado sobre onde e para quem falava. Assim, foi conquistando um público revoltado e sonhador, que queria se ver livre da exploração. E começou a ser ouvido também por um atento público de delatores – entre eles o maior devedor da Coroa, o Coronel Joaquim Silvério dos Reis – que devia nove vezes mais do que seu patrimônio permitiria pagar.
Na próxima semana, vamos acompanhar o fim – que todos conhecem – e a forma como tudo foi conduzido.
Um abraço e até lá!