Em uma de suas vindas a Porto Alegre, Villa-Lobos, o iniciador do modernismo musical no Brasil, foi convidado para visitar o Instituto de Belas Artes fundado, entre outros, por Araújo Vianna. Lá pelas tantas, Villa-Lobos teria feito uma espécie de luneta com uma folha de papel enrolado e se posto a olhar em todas as direções, como se procurasse algo que não estava à vista. Perguntado sobre o por que da procura, respondeu que via muitas placas nas paredes e nas salas, mas que entre elas não encontrara, ainda, a que fazia menção a Araújo Vianna.
Aliás, quando o Instituto de Educação, em outra oportunidade, também o convidou para inaugurar uma placa com seu nome, Villa-Lobos disse que seria mais justo homenagear Araújo Vianna, no seu entender um dos maiores nomes da música brasileira. JOSÉ DE ARAÚJO VIANNA nasceu em Porto Alegre, a 10 de fevereiro de 1871. Foi o compositor brasileiro de ópera mais representado, depois de Carlos Gomes.
Sua primeira apresentação pública aconteceu aos 18 anos. Cinco anos depois, viajou para a Itália, onde assistiu classes no Conservatório de Milão, como aluno-assistente. Admirado como compositor e pianista, sua obra tem Concertos, Prelúdios, Danças e uma “Ave Maria”, que estreou na Igreja do Outeiro da Glória (Rio de Janeiro), ao retornar de uma de suas viagens à Europa. Araújo Vianna falava fluentemente o francês, tendo composto, neste idioma, inúmeras melodias, algumas das quais integram o CD no qual é interpretado por Olinda Alessandrini (piano) e Adriana de Almeida (soprano). José de Araújo Vianna faleceu em 4 de novembro de 1916, no Hospital Evangélico do Rio de Janeiro, em consequência de complicações com uma febre paratifoide. Suas viagens à Europa também tinham ligação com a busca da cura da doença conhecida como Mal de Charcot (sistema nervoso), ainda hoje considerada incurável.