Amaro Juvenal nasceu em 1883, quando escreveu no jornal O Novo Mundo, criticando a concessão dos títulos de nobreza.
No ano seguinte, publicou sua “Carta à Princesa Isabel”, na qual satirizava o comportamento da Corte. Em setembro e dezembro, ainda de 1884, Amaro Juvenal voltou a escrever no jornal A Federação, tratando de política.
Com a morte de Júlio de Castilhos (1903), assumiu Antonio Augusto Borges de Medeiros, de quem trataria Amaro Juvenal, muitos anos depois.
O pseudônimo de Ramiro recomeçou a ganhar forças em 1915, quando A Federação investiu contra Ramiro Barcellos e sua candidatura ao Senado pela 3ª vez (1890, 1900 e 1916).
A Federação apoiou Hermes da Fonseca, em campanha comandada pelo Senador José Gomes Pinheiro Machado cujo irmão, Salvador Pinheiro Machado, por motivo de doença do governador Borges de Medeiros, assumiu o Governo do Estado a 3 de julho.
Estava reforçada, ainda mais, a candidatura de Hermes da Fonseca. Ao sofrer fragorosa derrota (61.329 x 3.519 votos), Ramiro Barcellos prometeu que o contemporâneo Amaro Juvenal escreveria a biografia de Borges de Medeiros, a quem Ramiro atribuía o comando efetivo da campanha contra ele. Surge então, Antônio Chimango.
Antônio Chimango
Sátira poética composta de 213 versos, dos quais estamos mostrando alguns deles, versos que ressaltam a subserviência de Borges a Júlio de Castilhos. Em um deles, “Prates” é Julio.
Verso 10
Para les contar a vida
saco da mala o bandônio,
a vida de um tal Antônio,
Chimango, por sobrenome,
magro como lobisome,
mesquinho como o demônio.
Verso 11
Veio ao mundo tão flaquito,
tão esmirrado e chochinho
que, ao finado seu padrinho,
disse espantada a comadre:
-Virgem do céu, Santo Padre,
isto é gente ou passarinho?
Verso 113
C’o tempo o coronel Prates
se foi sentindo pesado;
tinha muito trabalhado
naquela vida campestre,
onde ele, com mão de mestre,
tinha tudo preparado.
Verso 114
Um dia chamou o Chimango
e disse: – “Escuta rapaz,
vais ser o meu capataz,
mas tem uma condição:
as rédeas na minha mão,
governando por detrás”.
Verso 197
Pobre Estância de São Pedro,
que tanta fama gozaste!
Como assim te transformaste
dentro de tão poucos anos!
De destinos tão tiranos
não há ninguém que te afaste!