Cidade de Inverness, no Golfo de Moray, na Escócia, onde se localiza o Lago Ness; Varginha, cidade da microrregião de Furnas, Minas Gerais, Itu, cidade da Microrregião de Sorocaba, São Paulo. As três têm uma coisa em comum: o turismo receptivo mudou suas vidas – e seus orçamentos, para melhor. Mas antes dos fatos que alteraram suas rotinas, a “vocação turística” de cada uma delas era zero.
O Monstro do Lago Ness, que nasceu de uma fotografia mal tirada ou mal revelada, o disco-voador que aterrissou em Varginha e a brincadeira que transformou em mega todas as coisas de Itu, continuariam desconhecidas ou insignificantes, não fosse por dois detalhes: a criatividade e a iniciativa.
Um, criou para esconder sua falta de habilidade como fotógrafo, outro fantasiou uma visita extra-terrestre até hoje discutível e o terceiro deu seqüência a uma brincadeira (igual ao Festival de Mentiras de Nova Bréscia, aliás um ótimo exemplo).
A verdade é que houve quase tudo nos fatos que transformaram estas três cidades em pontos turísticos. Só não houve “vocação turística”. Ocorrido o fato, a criatividade entrou em ação e a insistência em trabalhar o assunto sob o aspecto turístico levou-o em frente.
Hoje, cada uma delas trata apenas de manter o clima de “verdade” em suas estórias; que o digam, as paradas de ônibus de Varginha, todas imitando um disco-voador estacionado, com luzes-piscantes permanentes e multicoloridas.
Canela, Gramado, Nova Petrópolis, Cambará do Sul (Itaimbezinho), Uruguaiana (Ponte de Paso de Los Libres e Carnaval do Tarde), Mata e Santa Maria (sítios arqueológicos), Santa Cruz do Sul (Catedral, Oktoberfest), Piratini (Revolução Farroupilha), Caxias do Sul (Festa da Uva), Três Coroas (rafting), entre dezenas de outros municípios, com criatividade, iniciativa e trabalho, aproveitaram riquezas naturais existentes ou promoveram eventos, colocando seus nomes nas agendas de quem faz turismo.
Claro que é muito mais gratificante anunciar uma Cascata do Caracol que um disco-voador. O importante é ter a iniciativa e insistir nela. Arambaré, Tapes e Camaquã já estão “faturando a Laguna dos Patos”. E nenhum dos três nasceu com “vocação turística”. Eles apenas entenderam que a maior laguna do mundo é o seu eldorado.
Ali, “bem na frente de casa”.
Que tal você iniciar reuniões, no seu município, visando torná-lo o próximo integrante da lista dos visitáveis? Hein?