Estamos vivendo uma época em que as redes sociais em tempo real nos colocam a par das tragédias e catástrofes em todo o mundo. E, não são poucas. Ainda não conseguimos dimensionar que impactos elas trazem para a vida pessoal e em que estágio poderão provocar mudanças e uma nova ordem social em processo. No momento, assistimos a uma grande crise e desordem que afeta a vida de milhares de pessoas por conta de governos corruptos, despreparados e egoístas. É um cenário que é escancarado diariamente no Brasil e em vários países do mundo.
Não somos seres isolados e vivemos em sociedade. O que acontece lá no outro do mundo nos afeta de alguma forma ainda que indiretamente, no tempo presente ou logo ali adiante. O que se decide em Brasília vindo dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário se incorpora e impacta na vida cotidiana e cultura nacional.
Mas quando assistimos por exemplo, que em menos de 30 anos depois de ter sido promulgada uma nova Constituição para o Brasil como sendo exemplar na garantia de direitos- ela é atropelada por governos incapazes de cumpri-la por falta de recursos, inoperância de instâncias do Poder Judiciário e por um Congresso que não dimensiona as consequências da legislação, ou que legisla mais em causa própria, é impossível se sentir seguro e tranquilo.
Quando nos deparamos com uma multidão de refugiados que chega, segundo dados da ONU a 65,3 milhões de pessoas, que deixam seus países de origem por causa de guerras civis, perseguições políticas e religiosas, ou simplesmente porque perderam tudo por conta destes massacres, não podemos ficar indiferentes. Calcula-se que em torno de 30 milhões destes refugiados sejam crianças e adolescentes das quais se tirou o direito de brincar e crescer de forma normal. No caso da Síria, situação mais grave, o conflito começou com o Levante da Primavera Árabe, contra o líder ditatorial Bashar al-Assad e se transformou num conflito de pró e contra o governo, acabou se alastrando para grupos religiosos xiitas e sunitas, e envolvimento de grupos radicais islâmicos. Os países vizinhos e grandes potências entraram no conflito e metade da população do país que ficou desabrigada e com medo de mais conflitos, fugiu. A Síria é um exemplo, mas há outros conflitos em maior ou menor grau em países da África, Ásia, Europa e Américas. E, não podemos ser utópicos a ponto de pensar que a simples abertura de fronteiras resolverá o problema e por conta disto, a Alemanha, um dos países que mais recebeu refugiados está tendo problemas políticos internos por conta desta imigração. Assim como há milhares de imigrantes que farão de tudo para se adaptar a novas regras do país que os abriga, muitos não terão condições. Se é difícil para a maioria das famílias que se conhecem conviverem de forma harmônica com clima de tolerância, imaginem então povos de diferentes culturas serem aceitos no país que os abriga, e vice-versa. Os conflitos se agravam quando há no mundo moderno uma grande disputa por empregos e nas mudanças nas relações de trabalho. Em alguns países da Europa e mesmo nos Estados Unidos o discurso em relação aos imigrantes tem sido cada vez mais conservador e alinhado aos anseios da população local.
Se por um lado as crises sempre são oportunidade de mudança, é difícil prever o quanto isto vai custar em termos sociais, políticos e econômicos. E, não queremos que as dificuldades e desafios que temos pela frente alimentem posições extremas e radicalismos de direita ou esquerda nem mesmo passividade e submissão.
Diante destas pinceladas de cenários com suas consequências como aumento da violência urbana, atentados, problemas de falta de acesso à educação, saúde, bem-estar, a nossa esperança é de que os organismos que lutam contra a corrupção, ineficiência e irresponsabilidade sejam bem sucedidos.
Precisamos de líderes fortes, capazes de conduzir as mudanças e que sejam exemplo de integridade e caráter. Precisamos de instituições fortes e independentes. Precisamos de movimentos sociais livres de interesses corporativos.