Além do Carnaval, do retorno à movimentação normal do ano, a semana foi pautada por Brasília e Curitiba cujas decisões tem e terão enorme influência sobre todos nós. Aliás numa Federação tão grande como a nossa de tanta diversidade, melhor seria se não dependêssemos tanto do que é decidido em Brasília, terra da fantasia, terra da concentração de decisões, onde se irradiam corrupção, lavagem, ineficiência e por aí vai. Aliás, este modelo político que vem de cima para baixo é que dilapida o resultado da força de trabalho a partir dos municípios.
O Marcelo Odebrecht confirmou o que já sabíamos. A chapa Dilma-Temer se beneficiou de caixa 2 e diga-se de passagem que este caixa foi um rombo muito grande além do que foi gasto oficialmente. E convenhamos, Dilma disse que não sabia de nada. O Temer diz que foi dinheiro legal e assim esta lenga-lenga segue adiante.
O grande problema do caixa 2 é que na maioria das vezes ele é dinheiro ilegal, de origem ilícita e que dificilmente se consegue comprovar em termos de quantia porque é feito de forma secreta entre quatro paredes. Só vem à tona quando alguém delata. E como já disseram, o Caixa 2 está impregnado na cultura do Brasil porque é feito de Norte a Sul inclusive nos nossos municípios, apesar da lei. Então o que mais pega neste momento será o desafio de acabar com o caixa 2. Apesar da delação de leniência, considerada a maior já feita pelo empresário Marcelo Odebrecht, principal herdeiro do conglomerado Odebrecht, empresa fundada no Brasil em 1944 e que está presente em 21 países –é muita gente a ser condenada. De certa forma ela também atinge o Judiciário porque um dos problemas do caixa 2 deveria ser de fiscalização do Ministério Público e Justiça Eleitoral. Mas na grande maioria dos municípios e estados a Justiça Eleitoral não tem se concentrado nesta fiscalização efetiva. Neste círculo vicioso, onde o caixa 2 opera, os políticos o usam para se eleger. Quanto mais colaboradores para buscar estes recursos de caixa 2, mais caro fica. As empresas que doam acabam se beneficiando com contratos de prestação de serviços, obras e outros ganham empregos ou benefícios de toda a ordem. Na questão de empregos e parcerias estão instituições, sindicatos e outras entidades como órgãos de comunicação que se beneficiam de benesses, sem que haja uma valorização mais justa na contratação pela meritocracia (capacidade, eficiência ).
Em resumo, o caixa 2 sobrevive porque gravita em torno de interesses que na medida das proporções também pode ser do próprio eleitor. O sistema permite, a punição é fraca e a fiscalização precária.
Trabalho e Previdência
Entre as principais metas dos últimos governos tem sido promover reformas Política, Tributária, Trabalho e Previdenciária. Tanto a do Trabalho quanto a da Previdência está na ordem de prioridades do governo Temer. Na medida em que o tempo passa, esta reforma ganha cada vez mais críticas e enquanto governistas dizem que ela terá que ser feita para garantir o pagamento futuro de benefícios. Há os que dizem que a Previdência não é deficitária. Em Arroio do Meio o maior movimento contrário à Reforma está sendo liderado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que tem feito vários encontros de conscientização e divulgação de estudos sobre o assunto. Na próxima semana, dia 7, de manhã, as mulheres tomam a frente e participam de mobilização em frente ao prédio do INSS e Receita Federal em Lajeado.
Neste início de março também ganhou força o requerimento de uma CPI de autoria do senador Paulo Paim (PT) que quer saber como estão as contas da Previdência. Se há desvio de verbas, pagamentos irregulares de benefícios e assim por diante. Só a partir deste conteúdo seria possível votar a proposta de mudanças. Há de certa forma um consenso de que algumas mudanças terão que ser feitas, mas ninguém aceita que a classe mais penalizada seja justamente os que menos recebem. Há também uma resistência muito forte em relação à idade mínima de 65 anos para homens e mulheres e tempo de contribuição para ser integral em torno de 49 anos. Dificilmente a proposta enviada pelo governo Temer ao Congresso será votada e aprovada nos termos em que está. É certo que vai demorar. Considerando que ano que vem teremos eleições, deputados e senadores se guiarão pela simpatia do eleitor. E, o governo Temer não consegue emplacar.
Mas de qualquer forma é preciso ficar atento que algo precisa ser feito, porque há mudanças em curso no trabalho no mundo todo. Não podemos ficar à mercê de uma Previdência que corre o risco de entrar em colapso, por isto as suas contas tem que ser colocadas para a sociedade de uma forma bem transparente o que pode ser possível através de uma CPI. E outra: as relações de trabalho implicam em criar empregos novamente para gente mais jovem e também com mais idade. Elementar: esbarramos numa outra condição: EDUCAÇÃO.