Estamos consternados e tristes pela sequência de acidentes graves com mortes e feridos que atingiram desde a semana passada pessoas conhecidas, amigas, familiares em estradas que grande parte da população usa com frequência como é o caso da ERS 130 e BR 386. Dizer o quê? Que foi falta de atenção dos motoristas? Há estudos de que a maior parte dos acidentes no trânsito é resultado de falha humana. Sim. Não dá para negar. Mas é preciso destacar que estas tragédias também são um retrato da nossa realidade econômica, social e política. Antes de julgar, quaisquer circunstâncias dos acidentes ocorridos recentemente – precisam de apuração e investigação, o que muitas vezes não ocorre. Precisamos avaliar que os que estão morrendo e eventualmente envolvidos em acidentes estavam na estrada por necessidade, geralmente trabalhando. Muitas das vítimas, talvez passando por problemas pessoais e emocionais, quando qualquer descuido pode ser fatal, nestes tempos em que as preocupações estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. Os acidentes e mortes no trânsito também passam pela falta de investimentos dos órgãos públicos.
Há poucas semanas, na ERS 130, no trecho que vai do trevo até São Caetano, foram feitos reparos na pista. Mas pasmem que os reparos foram feitos nos trechos que estavam em perfeitas condições. Onde o asfalto precisava ser corrigido, não foi. Este é apenas um exemplo de ineficiência.
Lastima-se que geralmente só quando ocorrem tragédias nascem mobilizações para a busca de soluções. Apesar de bem-vindas, para que a precariedade de estradas ou prioridades de obras não caiam no esquecimento, o esforço esbarra na falta de recursos públicos por parte do governo, ou melhor dizendo, na escolha de prioridades. Para que haja recursos é preciso que se cortem gastos menos importantes. E quem vai ter coragem de fazer estas mudanças? Quem vai abrir mão de privilégios pessoais em nome do coletivo?
Mobilização há mais de uma década
A duplicação da ERS 130, no trecho de Venâncio Aires a Muçum é antiga. Nos últimos 10 anos foram feitas várias mobilizações. A duplicação da malha viária no trajeto de 70,3 quilômetros, é desde o começo desta década, bandeira regional, incluindo prefeituras, câmaras municipais, Univates, CIC Regional, Amvat, Codevat, Caciva. O trecho entre a intersecção Cruzeiro do Sul /Lajeado e o bairro São Caetano entre os quilômetros 68 e 82 foi considerado em novembro de 2011 como o mais urgente pela comunidade local, em função do fluxo de veículos em torno de 1,2 mil por hora nos horários de pico e também porque o volume de acidentes conforme pesquisa apontada na época era 50% superior aos demais trechos. Entretanto, passada quase uma década, não houve avanços…