A Nova Base Nacional Comum Curricular foi aprovada em 2017, após anos de pesquisa e muita discussão entre os especialistas da área da Educação. Por isso, todas as escolas públicas ou privadas devem trabalhar em seus currículos as habilidades e competências que causam impactos positivos na aprendizagem. O projeto consiste em trabalhar as chamadas habilidades socioemocionais com o método tradicional que se refere aos conhecimentos cognitivos.
A coordenadora regional de Educação, Greicy Weschenfelder, explica que a modalidade gera um ambiente mais favorável à aprendizagem e melhores resultados dos alunos nas disciplinas curriculares tradicionais. No desenvolvimento integral, cognitivo e socioemocional, os estudantes têm uma visão abrangente de mundo, o que os torna mais críticos e atuantes para tomar decisões pautadas na ética.
A modalidade, conforme explica Greicy, auxilia também a construir o projeto de vida e a se capacitar para o mercado de trabalho. Na promoção de equidade, dialoga com as necessidades da sociedade civil, mobiliza famílias e contempla seus anseios, supre carências de oportunidades e gera impacto nos indicadores sociais. Na mudança cultural transforma o currículo e a escola, estimula a atitude cidadã e contribui para o desenvolvimento de uma cultura de paz. “Todas as disciplinas podem ser trabalhadas com esse método que é inovador e coloca a educação em outro patamar”, fala.
Greicy observa que a nova modalidade trabalha transversalmente em todas as disciplinas, princípios como trabalho em equipe, empatia, comunicação e resiliência. A nova modalidade, segundo ela, prepara melhor o jovem para a vida fora do educandário que dessa forma enfrenta melhor os problemas do cotidiano. “Assim eles serão protagonistas de suas histórias. Essa mudança era necessária e era cobrada pela sociedade”, explica.
Para tanto é necessário que as escolas tenham autonomia para escolher os recursos que fazem mais sentido para o seu contexto. Deu exemplo das redes sociais que podem ser trabalhadas tanto no aspecto cognitivo como no emocional, no que se refere ao modo de interagir virtualmente, citando valores como educação e respeito. “Os alunos têm que sair da escola como cidadãos, o que vai além do conteúdo”, defende.
Para tanto o desenvolvimento das competências socioemocionais depende da ação articulada de diversos agentes, enfatiza Greicy. Cabe à sociedade definir os valores, as atitudes e as habilidades que quer inspirar e promover junto às novas gerações. À comunidade escolar (família, diretores, coordenadores, professores, auxiliares, monitores, porteiros, merendeiras, profissionais de apoio e limpeza), exercer diferentes papéis no desenvolvimento dessas competências, especialmente por meio do estabelecimento de relações respeitosas e construtivas com os alunos. Aos psicólogos e psicopedagogos incumbe contribuir diretamente ou orientar a atuação de profissionais da educação. Já aos integrantes de comunidades de aprendizagem e cidades educadoras, ficam com a incumbência de contribuir para que essas competências também sejam desenvolvidas fora da escola. “Esse método prepara o estudante para a vida a exemplo de como trabalhar com as frustações que serão muitas ao longo da vida”, destaca a coordenadora.
Ela fala que é necessário o engajamento de todo o ambiente escolar a exemplo da equipe gestora que deve escutar alunos e professores, além de coordenar o planejamento e acompanhamento do trabalho socioemocional. Professor e funcionários de base (limpeza, cantina, inspetores, agentes de organização escolar etc.) também têm papel importante que devem se alinhar e atuar como uma rede intencionalmente articulada para desenvolver as competências socioemocionais.
Pais e familiares podem oferecer serviços voluntários no fim de semana, como organização de jogos e gincanas, além de contribuir para o desenvolvimento das competências socioemocionais fora da escola. Já os alunos egressos podem retornar à escola para compartilhar depoimentos e histórias de vida. Alunos do Ensino Médio podem exercer o papel de mentores de alunos mais novos. Organizações parceiras precisam ser chamadas a atuar na escola e fortalecer o desenvolvimento dos alunos. Os membros da comunidade podem compartilhar suas experiências e demandas com os estudantes.
Entretanto, revela que existe uma resistência ao novo, o que encara como normal. Por outro lado, percebe que há uma busca por leitura e informação a respeito do tema. Frisa também que encontros de formação estão acontecendo em toda a região da 3º CRE com os gestores, com objetivo de esclarecer dúvidas referentes ao tema. Sobre a Base Nacional Comum Curricular, Greicy revela que o Rio Grande do Sul está à frente dos demais estados, o que possibilita que os professores gaúchos contribuam com ideias para o aprimoramento do projeto.
A recomendação é para que as escolas tenham autonomia para escolher os recursos que fazem mais sentido para o seu contexto, a partir da análise dos seguintes critérios: a aderência aos objetivos da escola e dos professores; o diálogo com os interesses e afinidade com a linguagem dos alunos; a flexibilidade à interação e à inventividade, para que possa se moldar às necessidades da escola, dos professores e dos alunos; o estímulo à participação e ao trabalho colaborativo; o estímulo ao pensamento crítico, análise e reflexão sobre os temas abordados; a abertura à diversidade e ao debate com a cultura local; as evidências positivas de aplicabilidade.