Uma iniciativa inovadora está dando um novo significado para o turismo no Vale do Taquari. Lançado em dezembro de 2017, o projeto Caminhos Autoguiados já inaugurou cinco roteiros, que totalizam 74 quilômetros de percurso a pé. O projeto é um empreendimento da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) em parceria com o Passeios na Colônia, Ascar – Emater/RS e os municípios e conta com apoio da iniciativa privada.
Entusiasta e pioneiro no turismo rural no Vale do Taquari, Alício de Assunção está diretamente envolvido por meio do Passeios na Colônia. Foi a partir das caminhadas pelo meio rural – muitas vezes por localidades esquecidas e quase abandonadas – organizadas desde 2011 que percebeu o potencial da Região. Em determinada oportunidade, conversando com o então prefeito de Arroio do Meio, Sidnei Eckert, ouviu a sugestão de que cada município deveria ter um caminho autoguiado, com placas indicativas, no qual os caminhantes poderiam fazer o trajeto sozinhos. “Ele viu isso na Alemanha e sugeriu que se implantasse aqui”.
A ideia evoluiu com um projeto concreto cuja meta é de que até o final de 2019, 39 municípios tenham implantado seu caminho, a ser percorrido a pé e sem a necessidade de guias. Ao final serão 500 quilômetros de percurso pelos mais diferentes cenários. A maioria contempla trajetos junto à natureza. “O projeto integra as Caminhadas Internacionais da Natureza e divulga os municípios em todo o mundo. Além de proporcionar que as pessoas caminhem sem condutores, o caminho autoguiado oferece segurança, pois todo o percurso é sinalizado, com dicas de empreendimentos e telefones para contato”, afirma Alício.
Outro ponto positivo é que os caminhantes acabam por movimentar os municípios, adquirindo produtos de agroindústrias e consumindo nos restaurantes locais. Os empreendedores têm o apoio do Sebrae e do Senar no tocante à qualificação e treinamento. “Cada município tem uma particularidade que chama a atenção dos visitantes, seja pelas paisagens, pela cultura ou outros atrativos, e as caminhadas ajudam a fomentar a economia destes locais. É algo que vai sendo construído, um projeto que está acontecendo na prática e não só no papel”, destaca, informando que há caminhantes e grupos de diversas cidades interessados em caminhar pelos roteiros. “Para muitos serve como um treino de resistência para caminhadas como a de Santiago de Compostela, enquanto que outros buscam atividade física e o contato com a natureza, aliados ao prazer de conhecer um novo município”.
A turismóloga da Amturvales, Lizeli Bergamaschi, destaca que o Vale do Taquari tem um excelente potencial no turismo rural em função da natureza, paisagens de vales e montanhas e cascatas. Diz que a aceitação do projeto é muito positiva, seja por parte dos municípios parceiros, dos caminhantes e agências de viagens, ou das comunidades que sediam os roteiros. “As pessoas das grandes cidades procuram caminhar na natureza, na estrada de chão, o que pode ser rotineiro para nós. Os Caminhos Autoguiados atendem aos caminhantes e elevam a autoestima das comunidades e dos empreendimentos visitados, envolve as pessoas e gera renda porque praticamente em todos atrativos é possível comprar algo. Turismo é desenvolvimento e ainda temos muito potencial turístico para ser explorado na região”.
Como funciona
Em cada caminho há um ponto inicial sinalizado, onde podem ser retirados os mapas com os atrativos turísticos e os cajados que auxiliam a caminhada. No local também pode ser retirado ou carimbado o Crachá Internacional de Esportes Populares. No trajeto o caminhante encontra placas informativas sobre os pontos turísticos e o percurso.
Todos os meses é inaugurado um caminho autoguiado num município diferente. O próximo será o de Colinas, no dia 8 de julho. Já estão sinalizados os caminhos autoguiados em Tamanduá – Marques de Souza, Sério, Paverama, Travesseiro e no município de Itapuca.