De forma absolutamente inédita, um movimento que iniciou por empresários de transportadoras e caminhoneiros alcançou grande adesão da sociedade em todo o país. Aqui em Arroio do Meio, desde o começo da semana passada e nesta, se perdeu a conta das vezes que foi cantado o Hino Nacional com apoio de jovens, famílias, entidades, sindicatos e entidades como da CDL que se pronunciou a favor na sexta-feira da semana passada fechando as portas por uma hora e em ato contínuo de apoio na segunda-feira com caminhada de protesto, principalmente por causa da alta carga tributária e corrupção. Dezenas de tratores, carretas e caminhões, carros e pessoas andando (por vezes marchando) enrolados em bandeiras do Brasil, fizeram seus protestos de forma pacífica, clamando mudanças.
A mobilização que obteve grande adesão espontânea, traz um alerta sobre o quanto a população está cansada de promessas, de velhas formas de conduzir políticas públicas. Gestões fraudulentas, falta de transparência, dificuldade de entender uma legislação complexa, burocracia enorme, alta carga tributária, falta de apoio e descaso com os setores que realmente tocam este país contribuíram para que o movimento crescesse de forma inesperada.
Foi uma semana muito difícil principalmente para a classe produtiva. De um lado, centenas de pessoas lutando e pressionando por mudanças, maior justiça social de forma legítima, cheias de esperanças ou já desesperadas por conta das dificuldades que vem se arrastando nos últimos anos para quem trabalha de forma honesta com a expectativa de melhorias. Muitos caminhoneiros estão encontrando dificuldades para pagar as prestações de financiamento dos caminhões e com os sucessivos aumentos, bateu o desespero. De outro, pessoas céticas e cientes de que estamos vivendo num país com uma economia frágil, com uma recuperação muito lenta, com cerca de 13 milhões de desempregados e cujo cenário previa prejuízos incalculáveis para a saúde pública, mercado de trabalho e renda. Desabastecimento nos postos de gasolina, nos mercados e falta de ração para animais sinalizavam que se os protestos continuassem poderia haver um caos social.
Assistimos grande parte de manifestantes querendo a derrubada do presidente Temer, quando sabemos que em quatro meses teremos eleições para presidente da República, governadores, deputados e senadores. Uma simples troca no comando presidencial que, dentro do nosso regime, governa com o Congresso, não tem como fazer milagres, carecendo de uma reforma política mais profunda.
Em todos os pontos de mobilização foram vistas bandeiras e faixas pedindo Intervenção Militar, possibilidade que já foi desconsiderada pelas principais autoridades militares; estamos vivendo num país de regime democrático e cuja Constituição não permitiria tal intervenção. O comando militar quer que a Constituição seja respeitada.
Reivindicações de Arroio do Meio serão enviadas ao Ministro
Como pode ser analisado na página 3, um documento foi construído pelos Poderes Executivo e Legislativo de Arroio do Meio, Acisam, Conar, CDL, STR e a coordenação do movimento dos caminhoneiros e representante da sociedade, manifestando sua posição junto ao governo federal. O ofício foi encaminhado ao Ministro Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, presidente Michel Temer e governardor Ivo Sartori. O ofício resume em tese, que o movimento reivindicatório oferece uma trégua mas não vai deixar de lutar por melhores condições de vida e trabalho para os caminhoneiros e classes produtivas que se juntarem ao movimento.