Sempre se fala sobre a importância do voto, que é individual e que nestas eleições, ao que tudo indica, foi exercido com liberdade democrática. Foram eleitos os que na vontade popular alcançaram votos suficientes para assumir os governos estaduais, assembleias legislativas e Congresso Nacional. Em 13 estados e no Distrito Federal teremos eleições em segundo turno para governador, como é o caso do Rio Grande do Sul, com a disputa de Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB); para a presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) chegaram ao segundo turno, contrariando as pesquisas iniciais. Quando se fala no exercício da democracia, se pode falar da longa batalha judicial de Lula para poder participar do pleito; da cobertura dos meios de comunicação, rádios, jornais, revistas, TV e redes sociais – estas, um verdadeiro fenômeno, que impulsionaram candidaturas como foi para Jair Bolsonaro.
O aperfeiçoamento da democracia e mudança de rumos foi sendo construído ao longo dos anos últimos anos. Teve a participação do Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal com todos os desdobramentos da Lava Jato e novamente a liberdade de imprensa que foi noticiando os fatos e que foram cristalizando as preferências e a formação de opinião do eleitor. A onda de mudanças vinha sendo observada desde as eleições de 2014 e nas municipais de 2016.
Com os resultados até aqui, confirmou-se que o povo está cansado das velhas formas de fazer política, na base da corrupção e troca de favores. Não se pode subestimar a inteligência do eleitor que sabe, entre outras coisas, discernir a distância do discurso com a prática. Ele deseja maior comprometimento e envolvimento do homem público com os anseios da sociedade. O sistema político enraizado no país acabou por privilegiar o foco nos interesses e projetos políticos pessoais, ao invés do envolvimento com as causas sociais e coletivas. A maioria dos partidos entrou nessa e trabalhou neste sentido. O resultado das eleições dentro do regime democrático bradou um grito de CHEGA. Mas só o recado das urnas não será suficiente. É preciso fazer reformas. E os eleitos, os que têm mandatos, os partidos, as instituições públicas e privadas, também a imprensa tem que se questionar permanentemente.
Este processo de desenvolvimento, de reconstrução é muito complexo, tão complexo como é o Brasil. Nem podemos imaginar que agora, neste momento, quando se coloca diante de nós a opção de votar mais à Direita ou permanecer na Esquerda, os problemas estarão resolvidos. Nos parece, que um dos aspectos mais importantes é uma reforma no sistema político para fomentar novos líderes. Líderes que precisam surgir em todos os cantos do país. Não podemos alimentar ódios e separações. Precisamos, além de valores éticos e familiares, exercer de fato e na prática respeito, solidariedade, envolvimento, engajamento para as mudanças. Sem a participação de todos – cada um fazendo a sua parte, com autocrítica, não haverá avanços.
Fora da política
A ex-presidente Dilma Roussef (PT) que disputou vaga para o Senado, em Minas Gerais, teve sua pretensão de voltar à politica negada pelo eleitor. No Rio de Janeiro, Lindembergh Farias (PT) disputava a reeleição como senador, mas ficou sem mandato, assim como não se elegeu César Maia (DEM). As vagas ficaram com Flávio Bolsonaro (PSL) filho de Jair Bolsonaro e Arolde Oliveira (PSD). Em São Paulo, Eduardo Suplicy (PT) perdeu vaga de senador e o poderoso Romero Jucá, líder do governo de Michel Temer, ministro de Lula, foi derrotado nas urnas. No Paraná, Roberto Requião (MDB) e Beto Richa (PSDB) não tiveram êxito eleitoral. No Maranhão, outros tradicionais na política, sucumbiram: Edson Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV). Em Goiás, o ex-governador Marconi Pirilo (PSDB) não se reelegeu. O atual presidente do Senado, Eunício Oliveira, também não foi aprovado nas urnas. Assim como foi com Cristóvam Buarque (PPS) que perdeu mandato. José Fogaça no RS, tradicional na política do MDB, não alcançou êxito na conquista ao Senado. Aqui no Estado, podemos citar também José Otávio Germano (PP) envolvido em vários processos que não se elegeu, nem Darcisio Perondi do MDB.
Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha, que continua preso, não teve votos suficientes para se eleger deputada. O filho do ex-governador Sérgio Cabral, Marco Antônio, tentou se reeleger como deputado, mas não conseguiu, assim como a filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil, que esteve envolvida em atitudes pouco recomendadas quando foi cotada para ser Ministra do Trabalho, – foi mandada para casa. Estes são alguns dos exemplos de políticos que foram desaprovados pela decisão dos eleitores.
Propaganda eleitoral
Estas eleições também foram uma demonstração de formas criativas de chegar ao eleitor. O presidenciável Jair Messias Bolsonaro, com pouco tempo de TV e Rádio teve uma extraordinária interatividade pelas redes sociais. O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) que conseguiu articular uma aliança, visando também o tempo de propaganda na TV, viu seu eleitorado minguando. Candidatos que declaradamente tinham muitos recursos para investir na campanha e estruturas partidárias enormes, caso do presidenciável Henrique Meirelles, teve votação pífia.
Desconstruídos
Nesta guerra pelo voto, ao longo de tempo, uma política que mina candidaturas de homens e mulheres públicas são fake news, campanhas de difamação mal intencionadas que simplesmente são coladas em candidatos ou em quem tem mandato de grande potencial. Infelizmente esta política está presente. Para a grande maioria, ainda que seja medianamente informada, fica difícil saber quando acusações são verdadeiras e falsas. Temos exemplos assim e é um tipo de conduta que aflora mais em tempo de eleição. Neste jogo também caem os que subestimam os adversários, tem pouco apoio interno, são ingênuos demais e levam rasteiras.
Aliado número um
Onix Lorenzoni (DEM) que em Arroio do Meio fez 300 votos, é um dos principais aliados de Jair Bolsonaro no RS. Foi coordenador de campanha e fez a segunda maior votação à Câmara Federal com 183 mil votos, dando peso ao partido, numa eventual vitória de Bolsonaro no segundo turno. Em Arroio do Meio, o representante do DEM é Sérgio Cardoso, suplente de vereador, que já assumiu por algumas vezes.
Revoada
Antes mesmo do término das eleições começaram as revoadas…