No início da campanha eleitoral, com a apresentação de 13 candidatos que disputam a presidência da República, muitos imaginavam que teríamos um debate mais amplo, algo parecido do que ocorreu em 1989. Mas as expectativas não se confirmaram, tanto que nesta reta final, a campanha está cada vez mais polarizada, (de acordo com o que indicam as pesquisas dos principais institutos) entre Jair Messias Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Sob o ponto de vista de preferência e intenção de voto, a grande mudança que está sendo sinalizada é que saímos da polarização entre PSDB e PT que vinha ocorrendo desde 1994, com dois governos dos tucanos, três do PT interrompido com impeachment de Dilma. Os dois partidos têm raízes no socialismo e na social democracia, com desenvolvimento de ações e programas parecidos, com ideologias distintas. Nos dois últimos governos do PT, outros partidos, principalmente o PMDB, agora MDB, foram aliados. Fernando Henrique Cardoso teve como vice um liberal, Marco Maciel. Lula nos dois governos, teve como vice José Alencar, que passou pelo PMDB, PL e depois entrou no PRB. E Dilma nos dois governos teve como vice Michel Temer, do PMDB. Retomamos este histórico, só para clarear que ao longo dos anos as ideologias partidárias foram se misturando e confundindo a cabeça do eleitor. Para ganhar as eleições foram feitas muitas alianças que prevaleceram depois no Congresso, transformado em vários momentos, balcão de negócios a exemplo do Mensalão e outras compras de apoios à aprovação de medidas provisórias, projetos de lei, emendas parlamentares etc…etc… Uma política que nem sempre considerou as necessidades do povo.
Mas a polarização do momento é Bolsonaro que segundo alguns analistas representa um “ levante” de setores da sociedade (principalmente classe média) contra este sistema e com o que está aí: os graves problemas sociais que se traduzem na falta de segurança, aumento da criminalidade, baixos índices de qualidade na educação, desvirtuamento de valores éticos, desemprego, problemas na saúde, falta de investimentos em infraestrutura, falta de controle de contas públicas em vários estados brasileiros, corrupção emaranhada em esferas públicas, jurídicas e privadas….
Bolsonaro, conservador e de direita, pode estar representando uma possibilidade de mudança, na expectativa do eleitor. Polariza com o representante da esquerda, Fernando Haddad, o candidato de Lula, do PT, partido que ampliou programas sociais, mas que está envolvido em esquemas de corrupção, assim como estão partidos aliados.
O Brasil é um país muito grande, rico, cheio de possibilidades e oportunidades. Mas é ao mesmo tempo pobre e carente, com índices de desenvolvimento social baixos. Não basta dar de comer e liberar crédito para o consumo.
Para mudar esta realidade, precisamos de homens e mulheres públicos comprometidos e dispostos a fazer o melhor pelo país. Conduzir mudanças estruturais e reformas para o bem-estar do povo brasileiro no presente e futuro é desafiador. A quem delegar este voto de confiança, no governo do Estado, na Assembleia, na Câmara, no Senado e no Palácio do Planalto?
Unificação e reestruturação
Ciro Gomes (PDT) concorre pela terceira vez à presidência, assim como Marina Silva ( Rede). Geraldo Alckmin (PSDB) pela segunda vez. Nestas eleições, pelo menos o que indicam as pesquisas do Instituto Ibope e Datafolha, quem está pontuando mais nas intenções de voto é Ciro Gomes, depois dos candidatos com mais chances de irem para o segundo turno, – Bolsonaro e Haddad. Geraldo Alckmin que já na pré-campanha se apresentou como candidato para unificar os partidos de Centro não deslanchou, algo que terá que ser muito bem analisado dentro do partido. Aliás, independente dos resultados de domingo, se impõe uma reestruturação partidária. Uma reestruturação que atinge a maioria dos partidos.